A projeção para o Natal - que não deve ser milagroso, mas pode trazer confiança - foi o "gancho" que a coluna usou para publicar a entrevista do presidente do conselho de administração da Lojas Renner na Live de GaúchaZH nessa quarta-feira (3). Mas a maior repercussão entre os empresários foi de uma frase dita por José Galló sobre uma abordagem bem diferente: "Seja um chihuahua com cabeça de leão."
- Eu já imaginei um chihuahua me atacando e eu sou bem grande, mais de 1,80 m. Então, meu amigo, seja um chihuahua com cabeça de leão.
Citando a raça de cão de pequeno porte, o executivo respondeu à tradicional pergunta de fechamento das transmissões de GZH sobre qual o conselho do grande empresário para o pequeno empreendedor sobreviver à crise provocada pela pandemia. Galló deixou claro que o porte não é desculpa:
- Tire da cabeça que, por ser pequeno, está destinado a sofrer e quebrar. Todos começaram assim. Mas os pequenos inovadores e resilientes tentaram mais de uma vez. Experimente uma, mude, experimente pela segunda vez.
Empresários que já passaram por crises sabem que elas acabam e outras ocorrem no futuro. A história tem esses ciclos. Então, em geral, atuam com preocupação, claro, mas também com serenidade. No entanto, as crises, diferente das recessões, são rupturas e também deixam sequelas. Muitas empresas morrem pelo caminho. A chance maior de sobreviver é de quem faz o diferente e, mais ainda, faz rápido.
- Se você fizer a mesma coisa que os outros estão fazendo, há pouca chance. Se você faz pior, vai morrer - resume o presidente do conselho da Lojas Renner.
José Galló é considerado um dos maiores gestores de empresas do país. Foi ele quem conduziu a transformação da Renner em uma gigante do varejo, que hoje tem quase 600 lojas no Brasil e no Exterior. Pela disponibilidade e ligação com o Rio Grande do Sul - a sede da companhia segue em Porto Alegre -, é referência para os varejistas gaúchos. Principalmente, os pequenos.
E sobre o medo? Da crise econômica, do coronavírus, da política, do futuro? Ele pode paralisar ou pode ser algo positivo. Em conversa sobre isso antes mesmo da entrevista online, Galló falava como ele induz à ação:
- Quando você está na floresta e aparece um leão, o organismo reage com estresse, o que faz você correr mais do que o animal - momento em que o executivo volta a usar a figura do leão.
O empresário também ressaltou que discorda que crises atingem principalmente as pequenas e médias empresas. Para ele, elas impactam mesmo é quem não tem diferenciais competitivos.
- Ou quem não faz coisa alguma. Pode ser uma pequena, média ou grande empresa.
Apostando forte no setor de tecnologia desde que saiu do comando executivo da Renner, Galló diz para as empresas pensarem como startups, mudando rumos do negócio, arriscando e buscando soluções simples. Também volta a dizer que não há desculpa para não entrar no e-commerce.
- Hoje, é possível que uma empresa que nunca usou canais digitais possa passar a vender pela internet em cinco dias.
A crise é forte e sem precedentes. O fato de ter começado na saúde e ter se espalhado pela economia complica mais a situação. Nem todos conseguem reagir da mesma forma, mas na corrida pela sobrevivência, o recado do executivo tem grande valor. Adapte-o à sua realidade e veja aqui a entrevista completa:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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