Perto de completar dez anos da chegada ao Brasil pela compra da fábrica de celulose em Guaíba, a CMPC está em um processo de renovação da sua operação no Rio Grande do Sul. Em novembro de 2009, a chilena adquiriu a unidade da cidade gaúcha, que então era da Fibria.
Quatro anos depois, anunciou o que viria a ser o maior investimento privado da história do Rio Grande do Sul, quando aportou R$ 5 bilhões para ampliar a fábrica da Celulose Riograndense, como estava sendo chamada.
Agora, em 2019, o nome virou CMPC e só. Mas as mudanças não são só na marca. Um aporte de R$ 170 milhões está sendo feito na operação de Guaíba até o final do ano. São mudanças de processos e gestão, envolvendo capacitação. Coisas relativamente menores do que um crescimento de fábrica, mas que, segundo a empresa, geram ampliação do resultado por aumentar a produtividade.
O grupo chileno tem 99 anos. A unidade gaúcha é considerada uma das mais modernas. A coluna viajou a Santiago do Chile a convite da empresa.
Gerente-geral da CMPC, Francisco Ruiz-Tagle aposta em um crescimento do mercado de celulose e papel com as restrições que estão sendo impostas ao plástico. No Chile, o varejo está proibido de usar sacolas plásticas.
— Nosso maior crescimento em celulose é no Brasil e a fábrica do Rio Grande do Sul será a nossa aposta — disse ele, ainda sem cravar que haverá nova ampliação.
A diretoria no Brasil foi renovada. Aos 42 anos, o diretor-geral da CMPC no Brasil, Mauricio Harger, comanda a empresa que emprega mais de 6 mil pessoas em 62 municípios gaúchos. Seu escopo de gestão inclui a fábrica de Guaíba, operações logísticas em Rio Grande e Pelotas, além da base florestal nas demais localidades.
Instituto para investimentos sociais
Harger destaca que foi aprovada agora a criação do Instituto CMPC no Brasil, que será o primeiro da empresa fora do Chile. Será o canal da empresa com a comunidade para investimentos sociais. A ideia é estimular produtos de educação, cultura e fazer a economia local circular.
— O Rio Grande do Sul terá também um laboratório Fibralab, que será um espaço para recebermos a comunidade.
Para aumentar esse diálogo, a CMPC buscou na Vale o diretor de Relações Institucionais, Daniel Ramos. Há seis meses, ele se reúne com pessoas da região para ouvir suas demandas e pensar os projetos locais da empresa.
— É o que chamo de escuta ativa. De que adianta eu sentar no gabinete e decidir que vou fazer uma praça para crianças, se o bairro tem mais idosos? Vou ouvir o que eles querem e vou construir baseado nisso.
Ramos também falou de uma "rede de monitoramento de cheiro", que refere-se aos cuidados que a empresa tem para combater o odor ruim, que antigamente era muito frequente na região. A celulose produz um cheiro semelhante ao de ovo podre.
Há uma equipe que faz ronda na planta e nos bairros. Se percebem cheiro ruim, os funcionários buscam a falha para consertar rapidamente.
— Se algum morador liga reclamando de cheiro, agora vai um técnico nosso lá.
O mesmo ocorre com os resíduos de madeira. Se o vento bate forte e suja carros dos moradores, Ramos disse que a empresa manda lavar.
* Giane Guerra viajou para o Chile a convite da CMPC