A Justiça decretou a falência da DHB Sistemas Automotivos, fabricante de peças automotivas com 50 anos de existência. A empresa estava em recuperação judicial, tentando vender ativos e manter a operação. Mas não deu.
O cenário econômico não melhorou e a greve dos caminhoneiros foi o que faltava para que o plano de recuperação judicial, baseado no pagamento de dívidas, deixou de ser cumprido em abril. Os investidores italianos, com quem a direção negociava, recuaram.
- A greve prejudicou as poucas entregas que a DHB tinha e os clientes do exterior reclamavam - contou à coluna Acerto de Contas uma fonte da empresa que prefere não se identificar.
O pedido de falência partiu da administradora judicial. No entanto, foi conduzido junto com executivos da empresa, que decidiram não prolongar a situação. A Justiça chegou a decretar a falência da DHB no ano passado, mas a equipe que conduzia o processo de recuperação conseguiu reverter a decisão na época.
- Foi um trabalho construído em três pontas. Participou a empresa, a administradora judicial e a juíza Giovana Farenzena - explica a advogada da empresa Gabriele Chimelo, que atua no escritório Scalzilli Althaus.
A advogada se refere à combinação de agilizar o processo de falência a partir de agora. A ideia é leiloar os bens enquanto ainda estão valorizados. Também é possível que alguém compre a massa falida e mantenha a operação.
- Pedimos ainda a continuidade da operação por 90 dias para entrega dos pedidos remanescentes e venda do complexo enquanto a empresa está ativa. Maximiza o ativo e paga mais credores. A autorização precisa ser dada pelo administrador judicial - complementa Gabriele Chimelo.
A empresa atualmente tinha cerca de 60 funcionários na fábrica de Porto Alegre. Todos já foram comunicados do andamento do processo. A decisão judicial da falência saiu no início da tarde desta quarta-feira (11).
Relembre a história da DHB:
A DHB nasceu na década de 60 para fabricar direções hidráulicas para caminhões. Tinha dez funcionários. Passou a produzir cilindros para máquinas agrícolas. Na década de 80, se associou à uma divisão da General Motors, passando a fabricar direções hidráulicas para veículos leves, como o Monza, que foi sucesso de vendas.
Em 2011, a empresa atingiu o maior volume de vendas. Foram mais de R$ 300 milhões, empregando 900 pessoas. Só que em 2012, o dólar caiu e os clientes passaram a importar. Principalmente, a GM, que começou a comprar da Coréia do Sul.
Em 2013, o controle acionário passou para o grupo indiano RSB Industries e RSB Transmissions. A estratégia era fornecer no Brasil os componentes da RSB e os componentes DHB na Índia, mas não foi implementada. Os problemas pioraram e a crise do setor automotivo piorou. Em 2015, a DHB pediu recuperação judicial. O acionista indiano voltou para o seu país em maio de 2016.