De toda brutalidade que chacais do Hamas perpetraram em solo israelense, penso e repenso nos bebês que eles assassinaram. Dias duríssimos para um avô de quatro meses. Muitas outras situações relatadas vêm à mente. Jovens fuzilados sem hesitação. Uma idosa arrastada por alguém que, se um dia teve um traço de humanidade, deixou na porta de uma das escolas de ódio e intolerância que funcionam como berçários do terrorismo. O corpo sem vida de uma jovem servindo de repasto para um facínora. Risadas e comemorações de insanos, a festa do êxtase bestial correndo o mundo para avisar que a selvageria está cantando vitória. É o som da iniquidade. E ele reverbera bem perto de nós. Perturbadoramente perto.
Não tardaram a surgir vozes sinistras a justificar a barbárie, como Daniel Ortega, da Nicarágua, e Nicolás Maduro, da Venezuela. Dois ditadores que reprimem, de modo implacável, quem lhes atravessa o caminho. Ambos têm, em comum, igualmente, o fato de que são aliados do presidente brasileiro, que se limitou a produzir manifestação pífia em que não condena o Hamas, que o havia cumprimentado pela eleição no Brasil. Nem a morte de jovens brasileiros no ataque perpetrado pelo Hamas parece ter produzido indignação em Lula, que escolheu palavras, peneirou, virou, mexeu e, enfim, disse nada. É de se imaginar que tenha recorrido ao seu principal assessor para relações internacionais e perguntado algo como “e aí, Celso, como é que eu me safo dessa?”. O problema é que Celso Amorim talvez estivesse mais constrangido do que ele, porque prefaciou um livro lançado em maio com o título Engajando o Mundo: A Construção da Política Externa do Hamas. O mundo sabe, agora, quão afiada e letal é a esta “diplomacia” do Hamas.
Políticos e personalidades que se dizem “de esquerda” (um dia nos daremos conta do artificialismo destes rótulos) correm a minimizar as atrocidades cometidas perto da Faixa de Gaza invocando circunstâncias históricas do conflito entre judeus e palestinos, por vezes com grosseiras deturpações. A meu ver, países cujos líderes querem ver Israel varrida do mapa, como o Irã, que aliás é notório financiador do Hamas e outros braços do terror, jamais permitirão o acordo de paz que Israel tem buscado, e para o qual vinha dando passos importantes, com a ajuda dos Estados Unidos. Numa região com baixos índices educacionais, em que florescem ditaduras e, caso do Irã, uma teocracia obscurantista, Israel é um pequeno oásis de democracia. Mesmo ocupando um território ínfimo que lhe foi outorgado pela ONU após o Holocausto sofrido pelos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, Israel soube construir uma nação moderna, fundada em uma democracia que acolhe árabes e judeus dispostos a viver e prosperar em paz.
Grupos como o Hamas representam o atraso e a barbárie, jamais uma causa. Muito menos a causa dos palestinos – que compõem um povo pacífico, refém de líderes manipuladores e extremamente violentos, capazes de exterminar adversários políticos e cruzar qualquer baliza ética ou moral para consecução de seus objetivos.
O assassinato dos bebês de Israel mostra até onde eles podem chegar. Eles e quem os defende e patrocina.