O Clube Atlético Tubarão, de Tubarão, em Santa Catarina, está fazendo história. Desde 2015, mudou a sua maneira de ser administrado e passou a se intitular como o primeiro clube startup do Brasil.
A expressão "startup" começou a ser utilizada no final da década de 1990 nos EUA, com o objetivo de definir um grupo de pessoas trabalhando em uma ideia, iniciando uma empresa, colocando em funcionamento e explorando inovações.
Por aqui, o objetivo é ousado. Até 2025 o plano do clube é estar na Série B do Campeonato Brasileiro. Para isso, tem uma parceria com o Grêmio, que emprestou seis atletas.
Estão atuando lá o goleiro Gabriel, o zagueiro Truyts, o volante Guilherme Amorim, o meia Nikolas Farias, e os atacantes Batista e Everton Júnior.
Os resultados já estão aparecendo. Neste ano, o time conquistou o melhor resultado da sua história, com o terceiro lugar no Campeonato Catarinense, e fez um jogo histórico na Arena da Baixada, sendo eliminado da Copa do Brasil no detalhe depois de uma emocionante derrota por 5x4 para o Atlético-PR.
Para entender melhor como está funcionando o projeto, conversei com Luiz Henrique Ribeiro, que é o presidente do Tubarão.
O senhor pode explicar como funciona o projeto e por que o Tubarão é o primeiro clube startup do Brasil?
O projeto é muito simples. Difícil é colocar em operação. Nós transformamos o clube em uma empresa, com uma modelagem muito similar ao que já existe no Brasil, também aconteceu com o Figueirense. A nossa empresa, chamada K2 Soccer S/A, que é uma empresa de investimentos no futebol acaba se unindo a um clube associativo, no caso o Clube Atlético Tubarão, e ambos se tornam sócios de uma Sociedade de Propósito Específico, chamada SPE, que é uma modelagem similar a SAD espanhola, e esta SPE assume toda a gestão do futebol profissional do clube, mas se mantém a história, as cores, a torcida, o nome, etc. O clube está encubado dentro do Parque de Inovações da Unisul, que tem sua matriz em Tubarão, por isso estamos na cidade. Todas as operações do clube que não são relacionadas ao campo, ao gramado, são feitas em conjunto com a universidade. Por exemplo, a área de nutrição, a área médica, de fisioterapia e exames clínicos. Agora estamos desenvolvendo de maneira forte a área de psicologia. Também a parte de comunicação e marketing, administração, parte financeira, tudo é feito lá. Todos os estagiários do clube são da universidade, desde a análise de desempenho até a fisioterapia. Há uma sinergia muito forte entre universidade e clube.
E como funciona a parceria com o Grêmio?
É motivo de muito orgulho poder ser parceiro oficial e formal do Grêmio. O clube é um grande exemplo, em diversos segmentos, tanto na gestão, como na administração do elenco. O Grêmio é o clube que tem o maior número de atletas da base no seu elenco principal e é um exemplo nesta forma de pensar futebol. Estamos só a três horas de carro pela BR-101, então ajuda muito esse intercâmbio. A parceria também é da Unisul, onde desenvolvemos plataformas de inovação com o Grêmio, como na área de serviços, produtos e futebol. O Grêmio tem prioridade na captação de atletas em formação que produzimos em Tubarão. Já temos três atletas nossos na base do Grêmio. E o Grêmio nos emprestou seis atletas que foram relevantes para a nossa consolidação na temporada. Eu não tenho dúvidas que sem a parceria seria muito difícil. Tenho contato com o presidente Romildo Bolzan, vários dirigentes estiveram em Tubarão. O Júnior Chávare, que trabalhou na Arena, está com a gente. Então a ideia é continuar com a parceria por muito tempo.
O técnico China Balbino, que trabalhou recentemente no Rio Grande do Sul, foi contratado. Como foi a escolha?
É um treinador jovem, com perfil motivador. No extracampo ele também é muito bom. Foi uma decisão pessoal. O técnico anterior, Waguinho, deixou um legado muito importante, mas o futebol passa por ciclos. O clube startup também é isso, dar oportunidade para novos profissionais, jovens com potencial. No São José ele foi muito bem, com um jogo de força, transição e velocidade.
E a avaliação desta temporada? E que projeção vocês fazem para 2019?
A nossa avaliação é muito positiva, porque em 2015 começamos o projeto de estruturação do clube e tivemos um avanço rápido. Em 2016 o time estava na Série B do Campeonato Catarinense e conseguimos o acesso. Já em 2017 ficamos em sexto lugar no estadual e fomos campeões da Copa Santa Catarina, que deu a vaga na Copa do Brasil, a primeira da história do clube. Em 2018, na Copa do Brasil vencemos o primeiro jogo, e na segunda partida fizemos um confronto histórico contra o Atlético-PR (derrota por 5x4 na Arena da Baixada). Claro que ficamos decepcionados com a eliminação na Série D, mas sabemos que é um processo, um amadurecimento, um caminho. O São José mereceu passar, fez duas grandes partidas e errou menos do que a gente. Queremos chegar na Série B do Campeonato Brasileiro até 2025. É difícil ser campeão catarinense, então temos que ter noção do nosso tamanho. Temos que fazer sempre um campeonato seguro, assim como foi neste ano, quando terminamos em terceiro, a melhor colocação da história. Estaremos de novo na Copa do Brasil, que é a competição que melhor paga na América do Sul. Em 2019 temos que lutar para conseguir o acesso para a Série C.