Embora seja favorável ao uso do árbitro assistente de vídeo no futebol, não considero adequada a intenção da FGF de utilizar o recurso no Gauchão. Seria construir uma casa começando pelo telhado. Ou seja, há outras prioridades que precisam vir muito antes até mesmo das paredes desta casa que é a arbitragem do Rio Grande do Sul.
Há um buraco no quadro de árbitros gaúcho e algumas medidas precisam ser tomadas com urgência. Basta observar a penetração nacional de quem apita por aqui para entender a gravidade da situação.
Anderson Daronco, 36 anos, é um dos principais árbitros brasileiros na atualidade. Com 21 partidas, foi quem mais apitou no Brasileirão. O segundo da lista é Leandro Vuaden. O juiz, que deixou o quadro da Fifa no ano passado, apitou 14 jogos na Série A. Vuaden ainda tem muito crédito pela grande capacidade de comando. No entanto, aos 42 anos, caminha na direção da aposentadoria em poucas temporadas. Um substituto precisa ser encontrado.
Os problemas começam a ficar evidentes ao olharmos para o terceiro nome da lista. Jean Pierre Lima, 38 anos, comandou apenas dois jogos na Série A. Uma partida na segunda rodada e a outra na 25ª. Além disso, Jean Pierre fez quatro jogos como árbitro assistente adicional. É inadmissível que um juiz com essa capacidade tenha ficado mais vezes escondido atrás do gol do que dentro das quatro linhas. Algo está muito errado. Estamos falando de uma figura que tem ao menos sete anos de carreira pela frente, mas está cada vez mais perdendo espaço no cenário nacional.
Chegamos ao buraco. Quem vem depois de Jean Pierre? Deveria ser Diego Real, que acabou abandonando a arbitragem antes da hora. Então, quem são os nomes promissores? Falo de árbitros jovens e minimamente afirmados.
Poderia citar Daniel Bins, que é um bom árbitro e demonstrou ótima regularidade nas últimas edições do Gauchão. O problema é a idade. Ele já está com 40 anos e chegou ao quadro da CBF quando tinha 37. Foi promovido muito tarde. Se tivesse recebido mais espaço antes, a história poderia ter sido bem diferente.
Anderson Farias está com 37 anos. Daniel Soder tem 38. Eleno Todeschini, 36. Por motivos diferentes, enfrentam problemas semelhantes aos de Bins. Oportunidades tardias ou até mesmo escolhas erradas. Há também Roger Goular que, aos 35 anos, segue longe de estar consolidado.
Entre os que aparecem no quadro da CBF, Jonathan Pinheiro, 31 anos, e Douglas Silva, 30, são jovens. Correspondendo dentro de campo, eles têm idade suficiente para se oferecer como alternativas para tampar o buraco que hoje existe no quadro gaúcho. Entre os mais novos, há ainda Lucas Horn prestes a completar 30 anos e Vinícius do Amaral que está batendo na casa dos 31. Talvez tenha esquecido de alguém, mas são nomes como esses que precisam ganhar espaço.
Chega de tratar como aposta quem não pode ser solução. Ter árbitros rodados no cenário estadual é fundamental pelo volume de jogos, mas na hora de prospectar o futuro da arbitragem gaúcha é preciso pensar diferente. Do contrário, em pouco mais de cinco anos teremos uma legião de árbitros reservas e adicionais quando o assunto ultrapassar as fronteiras do Estado.
Por isso, reafirmo. Os árbitros jovens precisam ser utilizados nem que seja para dar errado. Até porque, se for para errar que seja buscando o caminho certo. E o árbitro de vídeo que entre no fim da fila dos problemas do apito gaúcho.