Não foi um Gre-Nal de bom futebol, o primeiro fora do RS em 115 anos. Não tinha como, nessa loucura de jogos a cada três dias, sem casa e muitos desfalques. Inter e Grêmio foram bravos. Lutaram, sem violência ou anti-jogo. Deram dignidade ao clássico.
O Inter venceu com justiça por 1 a 0 por uma razão cristalina: tem elenco para suportar tantos jogos em sequência, enquanto o Grêmio não. Além do gol contra de Gustavo Nunes, o Colorado acertou duas bolas na trave de Marchesin. Finalizou mais. Produziu mais.
O Grêmio teve uma única chance de verdade, mas João Pedro viu o goleiro Fabrício crescer e fazer a defesa dentro da área. Essa, aliás, foi a primeira finalização no alvo do jogo, a seis minutos do segundo tempo. Pouco para um Gre-Nal, mas não havia como ser diferente nos pós-enchente. Esse cenário só mudou após a alteração no placar. O Grêmio se abriu todo, e aí virou o lá e cá, sempre com mais qualidade do Inter.
No geral, muitos erros de passe, tabelas incompletas e decisões erradas. Mas o elenco definiu. O Inter de Coudet tinha quatro desfalques — Rochet, Valencia, Borré e Maurício. Os mesmos quatro do Grêmio — Diego Costa, Soteldo, Pepê e Kannemann.
No gol, Fabrício operou um milagre. Marchesin falhou. No ataque colorado, a terceira opção é Alario, campeão da Libertadores com o River. Na ausência dele, Lucca, mesmo com limitações, é da posição. Ajudou no lance do 1 a 0.
E o Grêmio, sem Diego Costa? JP Galvão, um 9 que não faz gols. Ou Galdino, improvisado. Renato termina o jogo com Rodrigo Ely no ataque, vivendo de chuveirinho. Surrealismo puro. No meio, sem Pepê, os reservas Carballo e Du Queiroz nunca convenceram. Alan Patrick tirou o uruguaio para dançar na jogada do gol. No Inter, sai Bruno Henrique e entra Aranguiz, dois volantes campeões.
A diferença é enorme. O Inter vai trocando peças e a qualidade se mantém. O Grêmio, ao contrário, não conseguia melhorar com quem vinha do banco. Coudet acertou ao manter os dois ponteiros e um centroavante, em vez de dois atacantes por dentro. Deu um passo atrás. Não quis a tanto a bola. Mudou sua estratégia e, com inteligência, está sobrevivendo bem assim até a chegada de todas as peças.
Renato pode até ter errado ao deixar Nathan Fernandes tanto tempo no banco, mas atendeu aos pedidos. Entrou sem JP Galvão e Rodrigo Ely, desafetos da torcida. Improvisou Galdino e Gustavo Martins. O primeiro nada fez. O segundo fez gol contra. O próprio Nathan causou barulho no segundo tempo, mas nada além disso. Quem escalar, sem Diego Costa? O Grêmio tem sete derrotas em nove jogos por que lhe falta elenco.
O Inter está no G-6 com dois jogos a menos porque sobra elenco. Simples assim.