Nenhuma surpresa na relação dos 23 jogadores convocados para a Copa do Mundo. Todos, sem exceção, estavam no radar do técnico e somam muitas convocações. Ninguém está ali por acaso.
Geromel é uma exceção para confirmar a regra. Tite lembrou dele uma vez apenas, mas ocorre que para a zaga ninguém se firmou como a quarta opção. No momento em que teve a chance, o dono da área gremista respondeu nos treinos e no amistoso contra a Rússia, quando entrou.
Os convocados de Tite vivem ótima fase em seus clubes. O torcedor brasileiro pode desconfiar de nomes como Firmino, que saiu cedo e mal jogou no Brasil. Mas o momento dele no Liverpool é extraordinário. Fred também pode receber alguma contestação, mas a comissão técnica vem observando o ex-jogador do Inter no Shakhtar. Guardiola já disse que o quer para o lugar de Fernandinho, no Manchester City.
Taison, talvez, pode gerar mais contestação, especialmente entre os gaúchos. Nessas horas, a grenalização entra forte. Arthur e Luan estavam no páreo. Atacante nos tempos de Inter e jogador de extrema confiança de Tite, Taison agora atua como terceiro homem de meio-campo. Evoluiu muito taticamente. Não é mais apenas o extrema que ocupa a beirada do campo. Vive grande fase, inclusive marcando gols.
Contra Arthur, pesou a lesão que o atrasou no melhor momento, ano passado. Certamente terá vida longa nos próximos ciclos da Seleção. Luan perdeu espaço por não ter experiência de Europa, na régua altíssima dos eleitos para um Mundial com mais potencial ofensivo.
Tite procurou, mas não achou o ritmista. Ele queria um meia articulador, ao mesmo tempo acelerador e freio. Tentou Lucas Lima, depois Diego. Nenhum se firmou. Vai para a Copa sem essa figura. Phillipe Coutinho passa a ser, no elenco, o personagem mais perto do ritmista, ainda que mais atacante do que meia.
Aqui, vale uma reflexão: o que está acontecendo com o Brasil, sempre um formador de jogadores cerebrais de meio-campo, de Didi a Rivelino, de Pelé a Zico, que sofre tanto para levar um desta estirpe para uma Copa?
Outro perfil que Tite abriu mão por falta de opção foi o do centroavante cabeceador, de força. Seria um Plano C ou D, para partidas nas quais for impossível furar retrancas e não restar mais alternativas a não ser erguer bola na área. Talisca e William José não tinham mesmo estatura de Seleção. Fez a opção pelo talento de um grupo mais leve, afeito ao seu modelo de posse de bola e pressão.
Fagner e Filipe Luís vêm de lesão, mas não serão titulares. Danilo substituirá Daniel Alves. Marcelo é uma das referências do time.
Unanimidade é impossível. O Brasil tem 207 milhões de técnicos. Mas a lista dos 23 de Tite tem uma marca que poucas autoridades exibem no país: a credibilidade gerada pela sua reputação e conduta como treinador, para além, claro, dos resultados.
Antes de Tite, a Seleção corria risco de ficar fora da Copa. Ele levou o Brasil à Russia com merecimento, recuperando o prazer do torcedor em ver o time atuar.