
No Dia Internacional da Mulher, o futebol já deveria ter mais a festejar. Há avanços notórios, sobretudo no universo do torcedor, nos trios de apito e na cobertura de imprensa. Aquela história de não levar namorada ao estádio para não ouvir rimas impróprias está perto do fim.
Já são muitas as repórteres. Impedimentos assinalados por elas, de bandeira erguida, já não são novidade, embora o preconceito ainda pese. Só que, mesmo nessas áreas, há um longo caminho a percorrer. Árbitra principal, liderando auxiliares homens? Não temos. Vale o mesmo para narradoras nas transmissões de rádio e TV. Em outras áreas, vira Clube do Bolinha mesmo.
Na parte de gestão de um cenário cada vez mais profissionalizado é raro ver uma mulher. Quantos clubes tiveram presidentas, entre os grandes do Brasil? Lembro de Patrícia Amorim, no Flamengo. Diana Oliveira foi vice, no Inter. São exceções. E no marketing ou finanças? Sem essa de que não dá por causa do acesso ao vestiário. Nos conselhos deliberativos, entre 300 cadeiras, 10 mulheres é muito.
Nas áreas de apoio, quando muito, assistente social ou nutricionista. Não conheço analista de desempenho do sexo feminino. Não é proibido elas operarem tornozelos ou joelhos, nem examinarem jogadores, em um ambiente civilizado. Se alguém conhecer alguma médica de um clube, favor enviar e-mail.
As meninas da seleção só perdem porque a CBF ajuda como se desse esmola, sem um planejamento. A de vôlei é bicampeã olímpica e empilha 12 títulos de Grand Prix porque a estrutura é ótima. A verdade é que o futebol ainda é o mais machista dos esportes brasileiros.