O Renato dedicou sua entrevista coletiva, depois do clássico de quarta-feira, ao título de uma crônica minha, “Grêmio deve ser amassado no Gre-Nal”. Estava, aparentemente, furioso, pediu respeito a ele e ao seu grupo, disse que todo mundo tem família e tudo mais. O Andrezinho, atilado repórter da Gaúcha, contou que a crônica foi lida para os jogadores, no vestiário. E o Maicon postou nas redes sociais a chamada da coluna no site de GZH, em que apareço naquela foto de blazer, não gosto muito daquela foto de blazer, para falar a verdade.
Entendo essas reações, fazem parte do mundo do futebol. O profissional tem de compreender as queixas de quem ele critica. Só lamento que Renato, Maicon e os demais não tenham citado duas crônicas que escrevi DEPOIS dessa, do Grêmio amassado. Que, a propósito, já vinha sendo amassado: pelo Caxias, pelo Sport, pelo Católica, entre outros.
Numa dessas crônicas posteriores à minha crítica mais dura, explico como ele, Renato, acertou o time na partida contra o Palmeiras. Na outra, afirmo textualmente no título: “A solução para o Grêmio já funcionava nos anos 30”.
Do que falei, nos dois textos?
Do centromédio.
Especificamente, de Lucas Silva. Escrevi que a entrada de Lucas Silva, acompanhado de outros dois jogadores de marcação no meio-campo, deu lógica ao time do Grêmio e apontei que essa era a fórmula para voltar a vencer.
Foi o que Renato fez, no Gre-Nal. Funcionou a pleno, tanto que Lucas Silva foi o melhor em campo. Ombreado por Matheus e Darlan, ele deu solidez ao meio-campo e proteção à defesa. Tendo um Lucas Silva atento feito um Dinho na frente da área, os zagueiros Tonhão e Kannemann foram impecáveis, resistiram às raras investidas do Inter e inspiraram confiança ao resto do time.
A entrada de um centromédio ortodoxo estabilizou o Grêmio. A partir dessa formação mais coerente, mais racional, os jogadores conseguiram inclusive ser ativos sem ser apressados, o que permitiu que o time terminasse a partida sem lesões e sem expulsões.
Renato, portanto, fez o que eu disse que deveria ser feito. Não porque eu disse, óbvio, ele fez por sua própria iniciativa, tirando suas próprias conclusões, até porque Renato conhece muito mais do seu ofício do que eu. Mas, em compensação, eu conheço muito mais do meu ofício do que ele. Somando tantos anos de jornalismo quantos ele tem como jogador e técnico, sei bem como a crítica deve ser feita e quando deve ser feita. E também o elogio, claro. Mas para o elogio ninguém liga. O elogiado sempre encara o elogio como uma obrigação de quem elogia. Para ele, o elogio é apenas a justiça sendo exercida, é um penhor que ele recebe por seus próprios méritos. A crítica, não. A crítica é sempre culpa do outro, da inveja que sentem dele, da má intenção do crítico, da falta de compreensão dos ignorantes. Tudo bem. É assim mesmo. Como já disse, o profissional tem de compreender as queixas de quem ele critica.