A sexta-feira foi recheada de símbolos. No início do dia, os absurdos administrativos de um futebol que caminha para a várzea. O presidente da CBF reassume o cargo logo através de uma liminar do STF, e, como primeiro ato, demite o treinador que ele contratou há seis meses. A noite, a triste notícia da morte de Zagallo, um ícone do futebol mundial.
As duas notícias, por incrível que pareça, se encontram. Evidente que não me refiro a morte e a tristeza que ela traz. Estou falando de Zagallo como símbolo de uma era. Ele foi a residência. Um defensor de uma bandeira que os próprios dirigentes da CBF, ao longo do tempo, trataram de diminuir. Ele era o torcedor número 1 da nossa Seleção.
Ao longo de décadas, a Seleção Brasileira se afastou do país. Amistosos fora daqui, jogadores com cara de Europa, modelos sem sentido, fizeram com que a torcida, incrivelmente, pegasse antipatia do time canarinho. E, curiosamente, sempre que a imagem de Zagallo aparecia, mesmo já cansado pelo tempo, um sorriso saía do rosto de cada torcedor brasileiro. Zagallo era a imagem desta memória afetiva da Seleção, que, de alguma forma, ainda alimentava alguma simpatia.
A bagunça do centro do poder do futebol brasileiro irá caminhar sozinha. Com Zagallo, morre também a esperança e um pingo de resistência. Como fazer para resgatar isso. E agora, quem irá defender a Seleção Brasileira? A morte de Zagallo deixou a "amarelinha, como ele dizia, órfã. É preciso pensar os rumos do nosso futebol, e Zagallo pode ser, na morte, tão importante como foi na vida. Vai em paz, Velho Lobo!!