O Inter não chegou ao fundo do poço. Já passou há tempo. O América-MG é que se encontrava no fundo do poço, lanterna do Brasileirão. Mesmo assim, venceu o Inter com os seus reservas.
A equipe mineira vinha de uma goleada sofrida pelo Cruzeiro de 4 a 0, a ponto de o Horto contar com minguados apoiadores.
É a quarta derrota consecutiva do Colorado por 2 a 0. São quatro jogos sem fazer gol. Os atacantes amargam uma seca de oito jogos. A defesa acumula dez gols sofridos em cinco jogos sem vencer.
Nunca testemunhei na minha vida um time, que não é tão ruim na planilha, ser tão desorientado na prática. Está perto do Z-4 no Brasileirão, comprometeu seriamente a classificação na Copa do Brasil, patina na Libertadores.
O que sobra? Nada! É o terror. A ameaça de rebaixamento é mais real do que qualquer título.
Centroavante apanha da bola, defensores conseguem a proeza de trombar cabeças no mesmo lance, não há volantes protetores ou caçadores, e toda a evolução para o ataque se resume a tocar a bola para o lado.
Se não fosse o meu time do coração, não iria ao estádio, trocaria de canal. É um espetáculo bisonho. O Inter não vem apenas maltratando a torcida, mas o próprio futebol.
O que me intriga é o negacionismo da direção, que procura atenuantes fantasiosos e doentios como “jogamos melhor”, “só a bola não entrou”, “é falta de confiança”.
Ainda acredita num milagre, na virada de chave. Desculpe informar, mas a chave está quebrada na fechadura.
Ela não enxerga o óbvio ululante. Não vê que o plantel se apresenta desesperado, desorganizado e perdido tanto dentro quanto fora de casa.
Mostra-se preocupada com o Gre-Nal de domingo, por isso mantém o técnico, com medo de repetir o vexame de 2015 (goleada gremista de 5 a 0), que coincidiu com a dispensa do treinador Diego Aguirre.
Aquela era uma outra situação. Aguirre foi injustamente demitido após ganhar o Campeonato Gaúcho em um Gre-Nal e chegar às semifinais da Libertadores.
Mano Menezes, pelo contrário, após um 2022 de ilusória reconstrução, desprovido de título e ambição, apresentou um início de temporada de fazer inveja a Ramírez e Medina. Fracassou nas semifinais do Gauchão, perdeu para o CSA, penou com o Metropolitanos.
Por muito menos, cabeças caíram.
Ou seja, não existe um único ponto positivo para que ele seja preservado na casamata.
No meu entendimento, manter a comissão técnica atualmente é um atestado de óbito no clássico e nas pretensões financeiras de avanço nas competições mata-mata.
Grêmio tampouco se encontra em grande fase, mas é infinitamente melhor, porque tem a explosão de Suárez e a estrela de Renato Gaúcho no banco.
Eu, sinceramente, me lixaria para o Gre-Nal. O momento é de faxinar o quanto antes para salvar o ano.
Se não temos elenco para brigar na parte de cima da tabela, ele tampouco serve para tantos vexames. A folha salarial não é de Série B.
A verdade é que os jogadores não vêm entregando o que podem. Wanderson, Pedro Henrique, Alemão, Bustos, Vitão, De Pena, por exemplo, são sombras esmaecidas do que já produziram.
Apesar de esmagado pela tristeza, o torcedor não tem sangue de barata. Não será um pacto de mobilização que vai convencê-lo.