O Inter tomou o rumo de casa na manhã desta quinta-feira (18). Por volta das 10h, a delegação deixou o hotel onde esteve hospedada no bairro da Savassi, em Belo Horizonte, para retornar a Porto Alegre. No trajeto do saguão para o ônibus, que seguiu para o aeroporto de Confins, um misto de frustração e constrangimento pela quarta derrota consecutiva — desta vez para o América-MG, pela Copa do Brasil.
Aliás, o ambiente na concentração colorada mudou drasticamente de um dia para o outro. Antes da bola rolar, o clima era de confiança em uma vitória contra um adversário que pouparia titulares para priorizar a luta contra o rebaixamento no Brasileirão, em um estádio praticamente vazio. Porém, a "virada de chave" foi adiada outra vez e o Colorado desperdiçou o cenário perfeito para construir uma vantagem no confronto e, mais importante, injetar ânimo para uma retomada na temporada.
Apesar da sequência ruim, o treinador foi mantido no cargo. Ele revelou uma conversa com o elenco ainda no vestiário da Arena Independência e repetiu o discurso de confiança em algo que já deu certo em 2022. Para o presidente Alessandro Barcellos, é preciso recuperar o bom nível de atuações da temporada passada:
— Não olho só para o Mano de 2023, olho para o Mano de 2022. O Inter de 2022, do segundo semestre, foi um Internacional propositivo, que fez muitos gols. Maior recorde de pontos do Brasileirão na história do Internacional. Muita coisa que dialoga com um time quer vencer. Agora, não. É esse Internacional que conversamos para recuperar.
Em termos ouvidos pela reportagem de GZH, foi realizada uma "reunião forte" após o jogo, em que o comandante questionou se os atletas ainda acreditavam no trabalho desenvolvido. Com a afirmação positiva, o cargo não foi entregue.
A análise interna é de que o elenco sabe que uma mudança agora, em meio à temporada, seria "ruim para todos". O problema está muito mais na parte anímica, o que atrapalha na hora de executar as funções. Por isso, é rejeitada a comparação feita à saída de Alexander "Cacique" Medina, em abril do ano passado.
O diagnóstico é de que, apesar de ainda acreditarem na metodologia da comissão técnica, alguns antigos titulares estão entregando abaixo do que já renderam na campanha do vice-campeonato do Brasileirão e também há uma "falta de confiança", que torna o time menos agressivo no ataque, com poucos cruzamentos e finalizações, e mais exposto defensivamente nos minutos finais.
— O que faz a diferença não é a maneira como o treinador põe o time em campo, é como se executa a ideia que se põe em campo. Se troca (sistema tático) todo jogo, não se tem padrão. Se não se troca, não tem variação. Mas tem — definiu Mano na entrevista coletiva.
A falta de explicações para o que aconteceu diante do América-MG é geral. A leitura é de que, a partir da expulsão de Alan Patrick, na metade do segundo tempo, o empate por 0 a 0 não seria de todo ruim, considerando que o jogo da volta, no dia 31 de maio, será no Beira-Rio. Contudo, o fator mental voltou a dar as caras.
Com chegada programada para o início da tarde desta quinta-feira em Porto Alegre, o elenco será levado diretamente para o CT Parque Gigante, onde realizará um trabalho regenerativo. O Colorado tem mais dois treinos antes de encarar o Grêmio, na Arena, pela sétima rodada do Brasileirão.
Mudanças na escalação não podem ser descartadas, nem que seja apenas uma: o regresso do lateral Renê, preservado por desconforto na coxa esquerda e que será reavaliado nos próximos dias.
— O futebol nos coloca à frente de um clássico no domingo. Temos a possibilidade de, em um jogo extremamente difícil, buscar estas respostas. Nesse momento de crise, vamos viver jogo a jogo. É uma decisão no domingo, assim como vai ser em Caracas (contra o Metropolitanos, pela Libertadores) — declarou Barcellos.
Também há garantias de que o salário dos jogadores está em dia, o que inclusive compromete o pagamento de dívidas a terceiros. Além disso, a cobrança de que os voos fretados dariam uma certa vantagem para que os atletas descansassem melhor. Aliás, o entendimento é que o atual elenco deveria render mais, a ponto do time não ter sido eliminado do Gauchão pelo Caxias ou ter sofrido para avançar, nos pênaltis, contra o CSA, na fase anterior da Copa do Brasil.
Existe também o reconhecimento de que, com duas contratações na janela de transferências, em julho, o Inter poderia se credenciar para brigar com grandes do futebol nacional, como Palmeiras e Flamengo. Porém, o time precisa "chegar vivo" até lá. O Gre-Nal do próximo fim de semana é mais um obstáculo que se impõe diante deste cenário de pressão.