Meu querido Bebeto Alves,
Estrelas jamais serão enterradas.
Você estará conosco para sempre no Paralelo 30.
Você que amava o pampa de um jeito tão urbano que o Rio Grande só cresceu por dentro.
Bebeto, você largou de mão qualquer atalho, qualquer facilidade.
Você salvou toda uma geração
de ficar parada.
Só depois de muito chão,
de galho em galho,
de grão em grão,
de LP a LP,
de show a show,
é que você finalmente descobriu
que estará definitivamente aqui.
Não tem como desaparecer
depois de tudo o que já cantou.
Você fez muito mais do que o necessário.
Você embarcou no Salgado Filho
no interior de uma guitarra,
levando daqui um brilho, um bronze na pele e, nos olhos, o astral de toda a rapaziada.
Veja como são as coisas, companheiro,
hoje estou com sua milonga oriental.
Quando o vento mudar de direção,
saberei que é você olhando por nós.
Seguiremos as pegadas das suas botas.
As ruas de Porto Alegre
serão seus versos.
As ruas de Uruguaiana
serão suas toadas.
As ruas de São Leopoldo
serão seus ranchos.
No seu coração, moram todos
os sonhos dos seus amigos.
Não esqueça, Bebeto,
somos um bando, um bando, um bando,
um bando de loucos pela vida,
e muitos outros, e tantos outros.
Minha intensa saudade.
Vá em paz, Bebeto!
Até breve!
Abraço,
Fabrício Carpinejar