Nas minhas férias recentes, rodei por 3.684,5 quilômetros no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, em São Paulo e Minas Gerais. Antes de partir, estava preocupado com a situação das estradas. Temia encontrar buracos, má sinalização e outras imperfeições. Mas a realidade foi diferente: rodovias em boas condições como resultado dos programas de concessão para a iniciativa privada.
Longe vão os tempos em que o presidente Lula, ainda às voltas com o escândalo do Mensalão e encurralado pelo calendário eleitoral, anunciou uma operação tapa-buracos de âmbito nacional para melhorar a imagem do governo. Lançada em janeiro de 2006, com o nome de Programa Emergencial nas Estradas, recebeu aporte de R$ 400 milhões para recapeamento, recuperação de pontes e restauração de pavimento e de sinalização em 26 mil quilômetros em 25 Estados e no Distrito Federal. Corrigido pela inflação, o valor seria hoje de R$ 1,068 bilhão.
Embora incomodem o bolso, eles garantem a conservação permanente e a rápida recuperação das estradas
A maquiagem teve resultado efêmero e sequer livrou Lula, já candidato à reeleição, das críticas. Antes mesmo de citar o Mensalão, seu principal adversário, o hoje vice-presidente Geraldo Alckmin usou o péssimo estado da malha viária para atacar o rival.
Com o passar dos anos, o que melhorou de fato a malha rodoviária do país foram os pedágios, que se multiplicaram e continuam proliferando por praticamente todo o Brasil. Durante a viagem, paguei tarifa 44 vezes. A média foi de uma praça a cada 82 quilômetros, ao custo final de R$ 258. Só no trecho gaúcho, que incluiu freeway e BR-101, foram seis pagamentos de R$ 5,50 ida e volta. As tarifas mais comuns são de R$ 2,40, R$ 4 e R$ 5,20. Mas houve valores mais salgados, como os R$ 15,80 cobrados na SP-340, em São Paulo.
Defino os pedágios como um mal necessário. Embora incomodem o bolso, eles garantem a conservação permanente e a rápida recuperação das estradas. Em função disso, as rodovias estão com asfalto de razoável qualidade e boa sinalização, resultando em mais segurança para os motoristas. Só não digam que pedágio é bom porque só paga quem usa. O ônus vai além do motorista. A despesa com frete aumenta de 3% a 11%, conforme a região e o número de praças de cobrança no trajeto. É um custo que, naturalmente, eleva o valor das mercadorias, implicando em preços mais altos para todos, mesmo para a dona de casa que jamais pensou em ter um automóvel.