O preocupante alerta vem do Serviço Mundial de Mudança Climática (C3S), do Copernicus, o Programa Europeu de Observação da Terra: 2024 será o ano mais quente da história, ultrapassando a marca de 1,5°C de alta em relação ao período pré-industrial (1850-1900). Esse limite simbólico, estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015, visa manter o aumento da temperatura média mundial abaixo de 2°C até o fim do século.
O aquecimento global está perigosamente próximo da fronteira final
Embora a superação dessa marca ainda não signifique uma ruptura definitiva, o alerta do C3S reforça que o aquecimento global está perigosamente próximo da fronteira final, sem sinais de reversão. O recorde negativo de 2024 não é um evento isolado. Ele apenas confirma a tendência de alta que já fez de 2023 o ano mais quente até então, com média de 1,45°C acima dos níveis pré-industriais. Tudo isso impacta diretamente o clima, gerando ondas de calor extremo, secas severas, derretimento acelerado de geleiras e enchentes arrasadoras.
Ao longo desse ano, o Brasil sentiu dois extremos dessas mudanças. Primeiro, foi a inundação histórica que devastou o Rio Grande do Sul; depois, enfrentou uma seca severa, responsável por milhares de focos de incêndios florestais em diversas regiões. Apesar dos alertas científicos, a maioria dos governos hesita em tomar medidas eficazes.
As projeções da ONU apontam que o mundo está fora da rota indicada para reduzir as emissões de carbono, medida essencial para conter os gases do efeito estufa. Na COP29, realizada no Azerbaijão em novembro, os países em desenvolvimento conseguiram a promessa de US$ 300 bilhões anuais de ajuda das nações ricas até 2035, valor que representa menos da metade do necessário para enfrentar o problema. Pelas políticas atuais, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estima um perigoso aumento de 2,6°C a 3°C até o fim do século. A solução é complexa, mas existe: reduzir as emissões de gases de efeito estufa, investir em energia renovável, restaurar ecossistemas degradados e transformar nossos hábitos de consumo.
É inaceitável que a inteligência humana, responsável pela criação de inovadoras tecnologias, não seja usada agora para salvar a nossa “casa” planetária. O que está em jogo não é apenas o futuro da espécie humana, mas a própria conservação da vida na Terra. Não é ficção científica. Não é alarmismo de ecochato. O cenário catastrófico é real e não está tão distante quanto muitos imaginam.