— Como tu dá conta de tudo?
Ouço muito essa pergunta. E para responder busco referência na resposta que já ouvi de diversas mulheres que admiro: "é simples, não dou". Vem à mente aqui uma dessas brincadeiras das redes sociais, em que a pessoa surge na tela fazendo cálculos.
Vamos lá, coloquem na calculadora aí: rotina de trabalho + cuidados com a casa + filho pequeno + relacionamento + atenção aos amigos e familiares + exercício físico + saúde mental + estudos + tudomaisquevocêsimaginaremquefazpartedavida. A equação nunca vai acabar em um resultado possível de ser executado nas 24 horas que temos diariamente.
Uma amiga me perguntou se os momentos de corrida e exercício que tenho feito na segunda temporada da série Caminhos estão dentro das minhas oito horas de trabalho diárias.
— Tem que deixar claro para as pessoas, porque sendo no horário de trabalho fica muito mais fácil — disse ela.
E eu concordei.
Respondi à minha amiga e esclareço a vocês agora: por vezes essa rotina de exercícios está dentro do trabalho sim, quando temos alguma gravação, por exemplo, e aí aproveito para já realizar meu treino. Mas na maioria das vezes, não. Eu dou um jeito de encaixar no dia-a-dia. E voltamos àquela soma impossível de solucionar.
Tento entender esse cálculo a partir da perspectiva de uma conta bem simples, trazida por outra amiga.
— Se o dia tem 24 horas, não é possível que eu não consiga encontrar pelo menos uma, ou mesmo 40 minutinhos, para me dedicar a algo que é importante pra mim — explicou ela, em tom indignado.
Pensei que as vezes acontece mesmo de a gente não achar esse tempo. Mas se colocar na agenda, direitinho, dá tempo para tudo. Para mim, passa, antes de qualquer coisa, por priorização: precisa estar no topo das prioridades, daquelas coisas que não abrimos mão.
Depois, por organização: entender a sua forma de colocar o exercício na rotina, que é única, pessoal e intransferível. Muitas vezes eu consigo chegar na academia, ficar só meia hora e ir embora. Mas vou. E sempre fico me parabenizando internamente por ter ido.
Mas porque priorizar o exercício nesse nível? Respondo com uma mensagem que recebi do Dr. Stephen Stefani, oncologista, que dividiu comigo um estudo recente do British Medical Journal. Ele revela um remédio milagroso que tem como efeitos a redução de 30 a 40% da chance de diabetes, 20% do risco de câncer de mama, 20 a 35% de diminuição de doença cardiovascular, 20 a 30% menor probabilidade de desenvolver depressão e demência, entre outros benefícios. O nome do remédio? Caminhada.
— Se fosse um comprimido, ia vender muito — brincou comigo o Dr. Stefani.
Como essa pílula mágica ainda não existe, o jeito é seguir falando sobre a importância de cuidarmos da nossa própria saúde.
Um inspira o outro, um puxa o outro. As trocas diárias com os professores da PUC-RS me estimulam demais. E tu? O que te ajuda? Acha alguém que queira fazer esse movimento e convida pra embarcar na vida saudável contigo. Conversa com teus amigos, familiares, colegas, sobre esse tema. Cria um grupo de zap com algumas pessoas e divide com elas tuas experiências. Cria uma corrente de motivação para não desistir. E antes de tudo: diz sim!
Escrevo esse texto e toca no som ao fundo uma música que eu adoro. Chama-se "Sim", do disco "Meu Canto", da Sandy. Duas frases da letra representam meu movimento recente de reflexão sobre minha saúde.
"Eu disse sim pra tudo que eu podia. E eu podia mais do que eu sabia". Não é sobre dar conta de tudo, é sobre dizer "sim" e se surpreender por poder sempre mais do que imaginava.