Há quem consiga manter uma rotina intensa de exercícios mesmo durante as férias no Litoral. As menos viciadas em endorfina não precisam se culpar: podem investir em caminhadas na beira da praia, uma atividade leve, mas que ajuda a perder calorias e a fortalecer a musculatura. De quebra, a paisagem ainda relaxa a cabeça.
Quando sai de Sapiranga para descansar em Capão da Canoa, a servidora pública Simone de Almeida, 54 anos, abandona a academia e aposta em caminhar perto do mar. Até recebeu recomendação da nutricionista para seguir com a musculação mesmo durante as férias, mas não consegue. E também não se cobra:
— Fico envolvida com os amigos, com a família, e não sou rata de academia. Sempre pratiquei exercícios, mas não vicio — conta.
Mas Simone capricha: caminha todas as manhãs, por cerca de uma hora e 15 minutos, quase até a plataforma de pesca de Atlântida. Usa um tênis reservado para sujar na areia e até molhar. Prefere ir de biquíni; desse jeito, também pega um bronzeado.
— Concilio tudo — ensina.
Para quem quer começar
Para tirar o melhor proveito das caminhadas, confira as dicas da professora de Educação Física Fernanda Marquesan, da Escola de Ciências da Saúde e da Vida da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS):
Areia fofa ou firme?
A primeira dica é avaliar o terreno: a areia mais fofa é recomendada para quem já está acostumada a se exercitar. Já a areia mais firme, úmida, serve para as iniciantes, que ainda estão tentando dar adeus ao sedentarismo.
— Cada uma dessas areias, a fofa e a durinha, vai ter efeitos diferentes. A areia mais fofa vai exigir mais da musculatura das pernas, porque os pés afundam e isso exige que a pessoa tenha mais condicionamento físico. A areia mais firme permite que tu mantenhas aquele ritmo em que está mais habituada a caminhar no dia a dia — observa a professora.
As que gostam de intensidade podem se aproximar do mar, deixando a água bater na altura dos tornozelos, o que vai demandar mais ainda das partes inferiores das pernas.
De tênis ou pés descalços?
Avaliar se vai descalça ou de tênis também faz diferença. O tênis ajuda a absorver o impacto da caminhada. Descalça, é possível exercitar a musculatura intrínseca, que é a planta dos pés. Para quem tem mais problemas com o impacto, como dores articulares, é melhor investir em um calçado.
O que não pode é ir de chinelo, já que não dá segurança para os pés.
— Melhor caminhar de pés descalços do que de chinelo — reforça Fernanda.
Atenção às mãos
Se for bater perna por horas, contando o número de guaritas, é importante dar atenção também para as mãos: os dedos, depois de muito tempo para baixo, ficam inchados.
— Pode colocar os braços para cima e fazer movimentos de abrir e fechar as mãos, como se estivesse apertando uma bolinha, com os cotovelos quase na altura dos ombros. Isso ajuda no retorno venoso, diminuindo o inchaço das mãos — explica a professora.
De olho no relógio
O melhor horário para caminhar na beira da praia é aquele recomendado pelos dermatologistas: antes das 10h (se o sol estiver muito alto, antes das 9h) e mais à tardinha, depois das 17h30min. Bem como faz a aposentada Bernadete Susin, 58 anos. De Caxias do Sul, ela veraneia em Capão da Canoa há 12 anos. Também gosta de se aproximar da plataforma de Atlântida, trajeto que leva cerca de uma hora, contando ida e volta.
— É bom para o corpo — diz ela, com a garrafinha d'água na mão.
Hidratação é fundamental
Bernadete faz certo em levar água: segundo a professora Fernanda, é importante garantir a hidratação, especialmente no caso das mulheres mais velhas. Para quem for iniciante, não é necessário começar querendo fazer quilômetros: está permitido ser menos pretensiosa, caminhando por 10 ou 15 minutos por dia, até criar resistência. O importante é gostar da experiência para conseguir implementá-la na rotina, inclusive quando voltar à cidade.
Uma terapia
A vantagem de caminhar na beira da praia é que o horizonte inspira.
— O mar, o movimento das águas, o ar marítimo, mais fresco, estimula a pessoa — observa a professora.
Simone, por exemplo, adora caminhar sozinha na beira da praia. É um momento só seu, quando pode pensar e contemplar a natureza.
— Estar aqui, sem poluição, perto do mar, me faz bem. É uma terapia que eu faço.