Nem a sensação térmica de 33 graus do último domingo (16) espantou a gurizada da pista de skate de Capão da Canoa. No meio da tarde, havia nove adolescentes e jovens adultos arriscando manobras no mais recente circuito do Litoral Norte, inaugurado em 13 de novembro.
– Antes era improvisado, na quadra de basquete: a gente fazia os obstáculos, colocava caixote de tijolo, soldamos um corrimão no chão. Mas o piso era muito ruim, a galera se cortava toda. Aqui tá muito massa. Cai, mas não se machuca tanto – diz Gustavo Angeli da Silva, 19 anos.
O skatista trabalha como caixa operador em uma loja de departamentos, de segunda a sábado. Cursa Análise e Desenvolvimento de Sistemas à noite. Aos domingos, dedica de quatro a cinco horas ao esporte. –É meu único dia de descanso, e venho pra cá, da tarde até a noite – complementa.
Em dois meses de uso, a área de lazer mantém bem conservadas escadarias, rampas, barras de corrimão e o passeio. Parte da pintura está descascada – nada incomum pelo desgaste do contato com as rodinhas.
A pista ocupa ao menos metade da Praça 12 de Abril. É acessada em um extremo pela Rua General Osório e no lado oposto pela Gáspar Griza. De poucos edifícios, o bairro Santa Luzia fica em uma área mais periférica do município, distante dois quilômetros da beira-mar. Frequentadores reforçam que ela é utilizada, na maioria do tempo, por quem vive no entorno, diferente dos investimentos de verão que costumeiramente acabam compartilhados pelos veranistas.
– Lutamos por essa pista, participamos do projeto. É uma conquista nossa – celebra Fabrício Borella, 18 anos.
São visíveis tufos de grama alta no terreno, sem invadir de forma considerável o concreto que suporta os obstáculos. Algumas garrafas pet encontraram nesse mato o destino, incorreto. Nos muros, há grafites de traço colorido e muito bem desenhado. A prefeitura de Capão da Canoa afirma que nenhum caso de vandalismo foi registrado, dispensando qualquer intervenção além da manutenção habitual.
Reparo maior precisou o skate do adolescente Ryan Alexandre de Oliveira, 13 anos: seu shape quebrou ao meio durante uma manobra mal-sucedida.
– Vou sair e comprar outro já, pra não perder o dia de sol – avisa, com a prancha partida ao meio.
A construção do espaço público motivou novos adeptos da modalidade, como Thiago Vinícios Costa Souza, 16 anos.
– Eu não andava. Comprei o skate por causa da pista – explica.
Árvores mantidas no parque garantem sombra para o descanso. Escorada, sentada no chão ao lado de seu cãozinho Luke, uma menina observava, um pouco tímida, os garotos de tênis e bermudões rasgados. Yasmyn de Souza, 14 anos, não tem autorização dos pais para ir sozinha ao local todos os dias.
– Só quando a mãe libera – garante.
Já Gabriel Morais Fortes, 15, é assíduo.
– Mas sexta, sábado e domingo é que bomba – afirma o estudante.