Anos depois da destruição da pista localizada próxima à praia (na Praça São Jorge, na Avenida Flávio Boianovski), os praticantes de skate ganharam um novo local para gastar as rodinhas em Capão da Canoa. Pleito antigo, a nova pista está localizada na Praça 12 de Abril, no bairro Santa Luzia, e foi inaugurada oficialmente neste final de semana, com a realização do I Campeonato Confraternizando o Skate em Capão da Canoa.
— A gente tenta fomentar o esporte da melhor forma possível. Fazíamos campeonatos locais em uma quadra de esportes, mas ter uma pista é o que realmente colabora para trazer mais praticantes — disse San Boaventura, que é skatista, competidor e um dos organizadores do evento.
Reunindo skatistas locais e de cidades da Região Metropolitana de Porto Alegre, o campeonato reuniu meninos e meninas, dos oito anos em diante. Um grupo do bairro Restinga, localizado no extremo sul da Capital, esteve presente, chegando ao Litoral Norte por meio de uma vaquinha. O projeto Apampa Life, que trabalha com crianças e adolescentes desde 2019 incentivando a prática do skate conseguiu trazer 22 pessoas. Sem recursos, acamparam na própria praça.
— Lançamos uma vaquinha online no Instagram e conseguimos, em 24 horas, os R$ 800 que faltavam para o transporte das crianças, já que uma empresa nos concedeu R$ 1 mil. É muito legal porque, além de trazer essas crianças que são feras no skate, a maioria delas viu o mar pela primeira vez — disse.
Após a inauguração oficial, o objetivo da construção da pista é atender à comunidade do entorno, incentivando a prática esportiva no município, mas também atrair mais competidores para futuros campeonatos. Atleta e entusiasta do esporte como inclusão, Michael Souza destaca que a pista é resultado da luta dos skatistas de Capão da Canoa:
— A maior parte dos usuários da pista será de jovens e crianças. Não nasceu hoje a prática por aqui, mas a gente não tinha um local bom para treinar. Com isso, sem dúvida haverá muitos outros campeonatos e interessados no esporte.
A visibilidade do skate como modalidade olímpica a partir das Olimpíadas de Tóquio e a presença de competidores brasileiros vencedores, a exemplo de Rayssa Leal — a Fadinha —, incentiva também a presença de mais meninas. Se o fenômeno é visto em Porto Alegre com a nova megapista da orla do Guaíba, que ganhou o título de maior da América Latina, neste primeiro campeonato de Capão da Canoa, elas também já usam a pista com maestria e técnica. Coletivos como o Girls Skate Power reúnem as garotas, com divulgação de campeonatos e informações sobre a modalidade. Foi assim que a skatista Nati Silva veio de Porto Alegre para participar das provas:
— Gostei da pista, ela é boa, mas tem pouco espaço entre os obstáculos.
A pista nova também será um atrativo adicional para a cidade no veraneio, aposta o secretário do Turismo local, Marcelo Ramos. Segundo ele, além das possibilidades de realização de campeonatos regionais e nacionais, o local poderá ser um chamariz para veranistas adeptos do esporte.
Pista acaba com conflito no uso do espaço público
O secretário destaca que há muitos atletas e adeptos do skate, porém, a cidade não tinha um local adequado para a prática esportiva. Os skatistas praticavam empilhando caixas, improvisando rampas e obstáculos, o que eventualmente gerava conflitos em relação ao uso dos espaços públicos.
— Como eles não tinham espaço específico para a prática do esporte, ocupavam praças com quadras de futebol ou basquete, por exemplo. Então havia um conflito, e esse tipo de quadra também não é a mais adequada para deslizar sobre rodas — disse.
O fato de ter se tornado esporte olímpico, com brasileiros ganhando medalha, acelerou o processo de entrega do local para a comunidade. A pista foi projetada por uma empresa especializada, conforme Ramos, e já havia realizado outros projetos semelhantes no setor. O custo para a elaboração e execução do projeto ficou em R$ 372 mil. A prefeitura promete que fará manutenção continuamente.