Pouco mais de duas semanas depois da inauguração, a megapista de skate da orla do Guaíba já precisou de reparos. Seis bordas pré-moldadas de concreto (chamadas de coping blocks) foram substituídas por causa de desgaste prematuro. Dando sequência ao conflito iniciado nos últimos dias, skatistas e ciclistas apontam um ao outro como culpados pelo estrago.
A manutenção feita na pista flow park, da modalidade vertical, foi iniciada na segunda-feira (8). A área foi isolada com correntes para que a massa de assentamento seque. As peças danificadas foram deixadas no local, como forma de chamar atenção e sinalizar onde os skatistas ainda não podem fazer manobras.
Frederico Cheuiche, arquiteto e sócio-diretor da Spot Skatepark, empresa responsável pela obra, afirma que nesta quarta-feira (10) ainda deve ocorrer a aplicação de rejunte entre os azulejos. Ele acredita que na quinta-feira (11) o espaço seja totalmente liberado, mas destaca que nas próximas semanas deve ocorrer a substituição de mais oito blocos.
— O que ocorreu foi um desgaste da película superficial, que gera um atrito, interferindo na prática de skate — explica Cheuiche.
Ele relata que a empresa já entrou em contato com a fabricante das peças pré-moldadas e que é comum, nos primeiros meses após a inauguração de uma pista desse tipo, ocorrerem ajustes, até porque o material ainda está “se assentando”.
Mas Cheuiche não descarta que o dano tenha sido acelerado pela prática de BMX freestyle – modalidade do ciclismo que utiliza a pista para a realização de manobras. A prefeitura proibiu a modalidade na nova pista, com base em um parecer técnico da Spot Skateparks que apontava: "Em mais de 15 anos construindo skateparks, nunca identificamos situação semelhante no caso das áreas destinadas exclusivamente à prática de skate". Segundo a empresa, os estragos encontrados nas bordas de rampas e outros equipamentos "possivelmente são decorrentes" do contato com "pedaleiras e pedais das bicicletas".
A Federação Gaúcha de Ciclismo defende que as bikes não têm culpa alguma pelos danos. Além de argumentar que o truck de um skate (eixo de metal onde as rodas são fixadas) é mais abrasivo do que as peças da bicicleta e que as rodas do skate são mais duras do que os pneus, Fabiano Garcia, diretor-técnico da federação, reúne documentos para oficializar o que já alegou em reunião da última sexta-feira (5). Ele defende que o desgaste já existia antes mesmo de a pista ser inaugurada, quando apenas skatistas haviam utilizado o local em testes.
Um engenheiro civil que acompanhou os ciclistas na reunião está elaborando um documento técnico, que deve ser entregue na próxima semana à prefeitura, segundo Fabiano. O objetivo é reverter a decisão do prefeito Sebastião Melo e liberar a pista para uso compartilhado:
— Queremos que deixem todo mundo andar.
A manutenção do espaço é arcada pelas adotantes da pista, as empresas Talo Gestão e Comunicação (de Porto Alegre) e Farah (de São Paulo).