Entre silvos e comandos dos treinadores durante a final do campeonato regional de pastoreio com cães da raça border collie, uma participação inusitada chamou a atenção na manhã deste sábado (13). Foi na torcida, onde um filhote da raça "assistiu" às provas dos "mais velhos" atentamente junto da sua tutora, na Fazenda São Pedro, em Eldorado do Sul, região metropolitana.
— É que um dia vai ser ela ali — explica por que trouxe o bichinho Joaquina Padern, treinadora de três cães da raça e produtora rural de ovinos e bovinos na localidade de Masoller, no Uruguai.
Com apenas três meses, ainda não se sabe como Bek, como a filhote é chamada, vai se sair nas provas, acrescenta Joaquina. Mas, pela sua genética, já dá para ter um palpite: é filha de Banza, uma border collie multicampeã da Casa da Ovelha, de Bento Goçalves.
— Se Deus quiser, vai se sair bem — pede a treinadora, que começou a competir com a sua matilha há três anos.
Médica veterinária de Cruz Alta, Mariana Reolon fez o mesmo com a sua filhote chamada Flecha — que tem até sobrenome, Santa Fé.
— Quero que ela socialize com outros cachorros, veja o movimento da prova, para que, quando for a hora dela, não estranhe — justifica.
Segundo o instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-RS) em Ibirubá Rodrigo Belebon, trazer filhotes de border collie para campeonatos como fez Joaquina e Mariana é fundamental para se ter uma boa desenvoltura no futuro:
— Talvez até mais importante do que o próprio treinamento. Porque forma a cabeça do filhote. Tira a sensibilidade do cachorro, mostra o mundo para ele e as técnicas do pastoreio.
Essa prática, segundo Belebon, tem até nome: é a recria, que ocorre logo após o desmame e vai até o início do treinamento.
Para esta final, que iniciou neste sábado e segue até domingo (14), Joaquina trouxe dois animais, um para a categoria ranch (intermediária) e outro para a categoria open (avançada). Atual vice-campeã uruguaia, ela adianta que quer fazer bonito. Os campeões da final do regional serão conhecidos no domingo.