Presente pela primeira vez na Expodireto-Cotrijal, a Arena Agrodigital é um dos espaços que mais despertam curiosidade entre os visitantes da feira nesta edição. A estrutura de 1,6 mil metros quadrados está entre as maiores do parque onde é realizado o evento, em Não-Me-Toque, no norte do Rio Grande do Sul, e logo no seu ano de estreia vem se consolidando como um ambiente de debates e negócios envolvendo soluções tecnológicas para o campo.
No centro da estrutura arredondada, erguida com investimento de R$ 1,5 milhão, há quatro palcos que recebem simultaneamente palestras sobre inteligência artificial, agricultura 4.0, digitalização no meio rural, entre outros temas.
Ao redor, estão espalhados estandes de 20 empresas e seis startups, que apresentam seus produtos e serviços ao público. Entre os expositores há desde grandes fabricantes de máquinas até empresas iniciantes, que ainda buscam investidores para deslancharem no mercado.
— Com a arena, queremos reforçar o olhar tecnológico no agronegócio. As gerações mais jovens cresceram com o celular na mão e precisam enxergar que há tecnologia no campo. É uma maneira de reter o jovem na propriedade - afirma Marcelo Schwalbert, superintendente administrativo-financeiro da Cotrijal e um dos coordenadores do espaço.
Uma das principais atrações é a presença da Hybercubes, startup sediada no Vale do Silício, nos Estados Unidos. Fundada pelo brasileiro Fábio Teixeira, a companhia desenvolve um programa espacial voltado ao agronegócio. O objetivo é lançar nos próximos anos uma constelação de 100 nano satélites no espaço e, a partir de registros fotográficos, analisar as características de plantações em qualquer lugar do mundo, com foco em soja, milho, cana-de-açúcar e algodão. Assim, será possível acompanhar o nível de fertilidade do solo, eventuais doenças e até mesmo identificar se faltam nutrientes nas plantas.
— É uma ferramenta que vai nos permitir produzir mais alimentos com menor impacto ambiental. A planta poderá receber exatamente o que ela necessita, podendo reduzir excesso de fertilizantes e agrotóxicos — destaca Teixeira, que palestrará sobre o programa espacial nesta quinta-feira, na arena.
A Hypercubes já desenvolveu o instrumento e agora trabalha em cima da inteligência artificial que possibilitará o diagnóstico nas lavouras. A meta é lançar um nano satélite no espaço até o final do ano, testando a solução, preferencialmente, em uma propriedade brasileira.
Na Arena Agrodigital também há quem ofereça soluções que se integram às máquinas já utilizadas no campo. É o caso da Basf, que trouxe uma plataforma digital que ajuda o produtor a controlar ervas daninhas. A partir de imagens aéreas feitas com drone, a aplicação cria um mapa com a indicação exata das áreas afetadas, que pode ser conectado ao sistema do pulverizador.
— O produtor muitas vezes paga milhões em uma máquina e não consegue usar todo o potencial dela. Os pulverizadores mais novos já dispõem de tecnologia para ler o mapa e fazer a aplicação dos produtos — diz Samyra Baldassin, pesquisadora de serviços digitais da Basf.
Lançado no ano passado, o serviço já é utilizado em propriedades de soja em Goiás, Mato Grosso e na Bahia. O produtor paga um valor por hectare analisado. A empresa pretende começar a trabalhar com agricultores do Rio Grande do Sul ainda em 2020.