Assunto recorrente nos discursos de abertura da 21ª Expodireto-Cotrijal, o efeito da falta de chuva sobre a produção gaúcha volta à pauta da feira nesta terça-feira (3). As atenções são para o balanço a ser divulgado pela Emater. É provável, no entanto, que os dados ainda não tragam a dimensão exata do problema. A razão vem das lavouras: a principal cultura da estação, a soja, ainda está no campo. E esta e as próximas semanas são consideradas cruciais para que se possa saber a amplitude da estiagem.
O sol forte que incide sobre a feira é um fator extra de preocupação. E a previsão de que não há chuva no horizonte próximo, também. O quadro iniciado em dezembro do ano passado persiste e no momento não há clareza do todo. Há regiões com grandes perdas e outras ainda na esperança de que novas precipitações possam equacionar o estresse causado às plantas pela falta de água.
— Nos preocupa daqui para frente. Se não chover em março, aí é preocupante. O prejuízo tende a ser mais generalizado — observa Gedeão Pereira, presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
Alerta que se estende a outras entidades e que é sentido na pele por produtores da região. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Não-Me-Toque, Maiquel Junges relata que, em fevereiro, a chuva somou apenas 24 milímetros:
— Tem produtor colhendo de 15 a 25 sacas de soja. E as lavouras que estão verdes não têm energia suficiente para se desenvolver.
É por essa conjuntura que a falta de anúncios de medidas para amenizar os efeitos da estiagem na cerimônia de abertura trouxe frustração aos produtores que esperavam por isso. No início do ciclo, a Emater havia projetado safra recorde, com colheita de 33,27 milhões de toneladas. Dado preliminar divulgado em janeiro já apontava que essa marca histórica não será alcançada, principalmente porque no milho os prejuízos estavam consolidados.
— Temos de tirar dos momentos de estiagem a lição de que não podemos relaxar nos programas de irrigação — disse o governador Eduardo Leite.
De fato, a busca por tecnologias capazes de proteger o produtor contra intempéries tem de ser contínua. Assim como a garantia da infraestrutura necessária para que ela possa chegar a todos os rincões do Estado.