Diante do quadro evidente de perdas na produção gaúcha, mesmo que se tentasse, seria impossível tapar o sol com a peneira. Ao confirmar que a falta de chuva provocará perdas importantes na safra de grãos de verão do Rio Grande do Sul, o governo do Estado não só reproduz a situação no campo – que ainda pode piorar, evoluindo para o quadro de seca – como também acrescenta pressão aos pedidos de ajuda encaminhados ao governo federal.
Os dados apresentados pela Emater nesta terça-feira (3) na Expodireto-Cotrijal foram encaminhados à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. A produção deverá encolher 13,8% em relação ao que se esperava no início do ciclo, tornando esta safra a quinta maior da história até o momento. Na primeira estimativa, feita em cima das médias históricas dos últimos anos, a projeção era de que teríamos safra recorde.
Para reforçar a preocupação com o cenário que se desenha, também foi encaminhada à ministra a previsão do tempo. Os prognósticos apontam para agravamento do quadro por conta da falta de chuva.
– O ministério vinha solicitando dados mais concretos. Na próxima semana, devemos nos reunir com a ministra. Sempre digo que política e feijão só se amolece com pressão – comparou o secretário da Agricultura, Covatti Filho.
Na esfera estadual, a promessa é de que na próxima semana se tenha a resposta sobre o reforço solicitado para o programa destinado à subvenção de sementes forrageiras. A cifra almejada é de R$ 4,5 milhões. Há ainda outros R$ 2 milhões que poderão ser repassados pela União. A medida é importante para produtores familiares, porque o milho silagem, usado na alimentação, também teve perdas significativas, 20,7% em volume, e de qualidade, como observa o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri.
O Piratini promete ainda um pente-fino nos pedidos de licença ambiental para projetos de irrigação, dando celeridade. Essa, no entanto, é uma medida com olhar no futuro, já que a produção perdida não se recupera mais.