Colaborou Leticia Szczesny
Por trás de calçados confortáveis e acessórios estilosos estão também práticas sustentáveis relacionadas à produção de couro. Seguindo tendência mundial, indústrias do setor apostam em certificações que atestem a adoção de cuidados como reutilização de resíduos, bem-estar dos animais e redução do consumo de água e energia.
— O consumidor está cada vez mais informado, buscando produtos que agridam menos o ambiente e respeitem condições de trabalho — reforça José Fernando Bello, presidente-executivo do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB).
Em novembro, a marca Usaflex, com sede em Igrejinha, no Vale do Paranhana, passou a solicitar de seus fornecedores a Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB) — construída pelo setor com apoio do projeto Brazilian Leather, do CICB e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). A ideia da indústria é estimular os cerca de 20 parceiros que entregam a matéria-prima a terem hábitos que equilibrem ambiente, sociedade e economia.
— A certificação trará benefícios como transparência na interação com clientes — explica Alexandre Matte Junior, analista de projetos de inovação da Usaflex, conhecida pelos calçados confortáveis.
O consumidor está cada vez mais informado, buscando produtos que agridam menos o ambiente e respeitem condições de trabalho.
JOSÉ FERNANDO BELLO
Presidente-executivo do CICB
No Brasil, quatro curtumes têm a certificação, entre os quais, três no Rio Grande do Sul: Fuga Couros, de Marau, Courovale, de Portão, e Mats, de Campo Bom. O Estado é líder em exportação no setor. Fornecedor de couro acabado para empresas de calçados e acessórios, o Courovale é atestado há cerca de dois anos.
— Temos vários clientes atentos à sustentabilidade. Quanto mais pessoas aderirem, mais o setor se fortifica e acaba com o mito de ser altamente poluente — afirma Verônica Meurer, gerente comercial do curtume.
A empresa destina os resíduos sólidos para reciclagem e coprocessamento. Já os líquidos são processados pelo próprio curtume e reutilizados. Segundo Verônica, as práticas ainda não são pré-requisitos exigidos pelos clientes, mas são vistas com bons olhos, inclusive por indústrias internacionais. O que é importante para o curtume, que exporta cerca de 60% do couro processado.
Mais seletivas, as pessoas estão preocupadas com as boas práticas de sustentabilidade por trás da fabricação dos produtos. E, por isso, buscam marcas que inspiram confiança, além de preços acessíveis.
— Os itens não são mais caros, pois ao adotar os indicadores da certificação, as práticas aumentam a produtividade da empresa. Além disso, trazem mais economia — explica o presidente-executivo do CICB.
Engajamento de todos os fornecedores
Desde janeiro de 2018, a marca de calçados Arezzo, com fábrica em Campo Bom, no Vale do Sinos, estimula seus parceiros a trabalharem com práticas sustentáveis. Hoje, a indústria conta com 17 fornecedores de couro.
— Queremos que todos tenham certificação até 2021 — projeta Cisso Klaus, diretor-executivo industrial da Arezzo.
Segundo Klaus, após exigir a certificação de parceiros, ficou evidente de que não bastaria os processos internos serem sustentáveis, mas que toda a cadeia tivesse as mesmas práticas.
— As empresas precisam deixar claro seus propósitos e se comunicarem com o público-alvo sobre o que estão fazendo. Não adianta criar um produto com matéria-prima renovável se durante o processo for utilizada muita água — exemplifica Klaus.
Para o diretor-executivo da Arezzo, não existe uma prática única e, sim, conjunto de ações que geram benefícios ambientais, sociais, culturais e econômicos.
Cuidados ao produzir
- Energia limpa
- Controle de resíduos industriais
- Economia circular
- Redução de consumo
- Controle de gasto
- e poluição da água
- Reciclagem
- Uso de insumos renováveis, diminuindo o uso de derivados do petróleo
Fonte: Cisso Klaus, da Arezzo.
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