Dividido entre milhares de associados, o capital gerado pelas 128 cooperativas agropecuárias no Rio Grande do Sul vai muito além da cifra financeira. O faturamento recorde de R$ 31,7 bilhões registrado no ano passado é apenas uma das faces dos efeitos multiplicadores nos municípios onde estão presentes. Nos últimos cinco anos, enquanto o Rio Grande do Sul reduziu em 5% o número de empregos formais, as cooperativas do setor aumentaram em 12% as vagas com a criação de 4,1 mil postos de trabalho. Das oportunidades de empregos e negócios ao desenvolvimento social de comunidades, os impactos são visíveis em economias sólidas e associadas em torno da produção agrícola.
Com 17 mil habitantes, Não-Me-Toque, no Planalto Médio, teve a dinâmica transformada pela Cotrijal – cooperativa com maior faturamento do Estado e idealizadora da Expodireto. A feira do agronegócio tornou-se uma das principais do país, servindo de trampolim para dezenas de fabricantes de máquinas e implementos agrícolas instaladas na região. Foi a partir da mostra, que chegou à 20ª edição neste ano, que indústrias do setor aumentaram a participação no mercado nacional e internacional.
No Norte, a Cotrisal figura entre as maiores empregadoras e geradoras de ICMS de Sarandi – por meio de indústria de ração, supermercados e lojas agropecuárias, de móveis e de construção. Focada no mercado de grãos e na produção de leite, a organização é também referência técnica para milhares de produtores, que alcançam produtividades superiores à média estadual. Os resultados do campo se traduzem em investimentos, como uma unidade de beneficiamento de sementes em construção às margens da BR-386.
Geradora de quase 3 mil empregos diretos nos vales do Taquari e do Rio Pardo, a Languiru atua em quatro ramos: lácteos, suínos, aves e ração. Os parques fabris, instalados em Teutônia, Poço das Antas, Westfália e Estrela, pulverizam os impactos na região. Com mix de quase 400 produtos, exportados para dezenas de países, preconiza a diversificação das atividades em minifúndios – perfil das propriedades dos associados. Ao estimular a sucessão rural, por meio da educação e profissionalização, ajuda também a manter os jovens no campo.
A reportagem especial mostra os resultados multiplicados pelas três cooperativas agropecuárias com o maior faturamento no Rio Grande do Sul em 2018. O cenário de crescimento, geração de empregos e investimentos, descolado do momento atual, é explicado por fatores que vão do modelo de gestão à natureza associativista.
– A forma de gerir as cooperativas melhorou muito nos últimos anos. Os resultados positivos são fruto dessa profissionalização – resume Vergílio Perius, presidente da Organização das Cooperativas do Rio Grande do Sul (Ocergs-Sescoop/RS).
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Com quase 5 mil pessoas empregadas em 40 indústrias metalmecânicas, cerca de um terço da população de 17,4 mil habitantes, Não-Me-Toque tem sua história dividida entre antes e depois da Expodireto – uma das maiores feiras de agronegócio no país.
Criados no interior de Sarandi, no norte do Estado, os irmãos Guilherme e Luis Gustavo Carlot cresceram vendo o pai Altair Carlot trabalhando na lavoura de soja, milho e trigo.
Há um ano no cargo de diretor industrial e de fomento agropecuário da Languiru, Fabiano Leonhardt, 38 anos, teve a trajetória profissional e de educação ligada à cooperativa localizada em Teutônia, no Vale do Taquari.