Ficou para quinta-feira a resposta da Marfrig à solicitação do Sindicato Rural dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação de Alegrete para que a empresa mantenha, por mais seis meses, a operação do frigorífico no município da Fronteira Oeste. No local trabalham 623 pessoas.
A proposta foi colocada à mesa da reunião de conciliação realizada nesta terça no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, em Porto Alegre. E congelou, por 48 horas, a negociação formal, que será retomadaquinta-feira de manhã.
- Nossa maior preocupação é o fechamento da planta de forma definitiva - explica Marcos Rosse, presidente do sindicato.
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O período de seis meses abriria espaço para debates de alternativas para o impasse criado com o anúncio da paralisação das atividades na unidade de Alegrete. Aliás, outras sugestões chegaram a ser feitas. Como a possibilidade de reduzir para 400 o número de funcionários, com operação alternada: um dia de abate, outro de desossa. Há ainda a demissão voluntária e o banco de horas. Mas nenhum desses itens está, neste momento, por ser avaliado pela empresa. É, por ora, aguardada apenas a resposta se a empresa está disposta ou não a funcionar por mais seis meses.
Sem dúvida, a liminar concedida pela Justiça na segunda-feira, suspendendo as demissões previstas, colocou a empresa na obrigação de encontrar uma solução que satisfaça também os trabalhadores. Sob pena de ter de arcar com o ônus da falta de consenso. Se decidir mesmo fechar as portas a partir de 4 de fevereiro sem chegar a um acordo, a Marfrig terá de pagar uma licença remunerada.
O centro principal do debate continua sendo a oferta de matéria-prima, ou seja, de gado para o abate. E é aí que as partes envolvidas parecem estar falando línguas diferentes. O grupo seguirá atuando no Estado, nas plantas de Bagé e São Gabriel, além de Hulha Negra (Frigorífico Pampeano).
- Alegrete tem, sim, uma manutenção da oferta de gado - argumenta Pedro Piffero, presidente do Sindicato Rural do município.
O ápice da oferta, considerando apenas o município de Alegrete, é maio, conforme o sindicato. O pior mês, agosto. A disponibilidade começa a melhorar em novembro e segue em uma crescente até maio.
Há quem aposte na troca de comando da Marfrig como uma porta aberta para algumas concessões. O uruguaio Martín Secco, que assume como diretor-presidente no lugar de Sérgio Rial, era CEO da Marfrig Beef Cone Sul e conhece bem a realidade do mercado de carne dos vizinhos gaúchos.