O Rio Grande do Sul será acometido por uma série de intempéries até sexta-feira (3). O acumulado previsto ao longo da próxima semana deve superar os 200 milímetros de chuva, o que ultrapassa a média de precipitação para o mês inteiro de abril no Rio Grande do Sul, que gira em torno de 140 milímetros. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o aguaceiro deve vir acompanhado de rajadas de vento de mais de 70 km/h e trovoadas. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) possui dois alertas de perigo ativos.
O quadro previsto para a próxima semana é composto por duas principais situações: uma frente fria que passa pelo Estado no final deste sábado (27) e intensifica a instabilidade, amenizada no domingo (28), mas que volta a ter força na segunda-feira (29), devido a uma área de baixa pressão atmosférica.
A chuva deve seguir pelo menos até quarta-feira (1º). Em ambos os casos, a perspectiva é de volumes significativos de água e posterior queda na temperatura.
Fim de semana
Entre as 9h desta sexta-feira (26) e as 9h do domingo, a principal área afetada será a Metade Sul, que deverá registrar entre 60 e 125 milímetros de chuva em apenas 48 horas, conforme satélites do Inmet. Isso representa mais da metade da média para todo do mês de abril no território. A Fronteira Oeste e as regiões Central e da Campanha deverão ter os maiores acumulados nesse período.
Devido a esse cenário, o Inmet possui dois alertas ativos no RS: um amarelo e um laranja. O laranja, que representa risco médio, indica a possibilidade de chuva intensa, vento forte e queda de granizo nas regiões fronteiriças com o Uruguai. Ele tem duração prevista para das 18h de sexta-feira até as 16h de sábado. Já o alerta amarelo é previsto para entre 6h e 21h de sábado e engloba áreas do Noroeste, Centro, Sudoeste, Metropolitana, Nordeste, Serra e Litoral.
Semana que vem
Entre segunda e quarta-feira, uma área de baixa pressão atmosférica deve favorecer a formação de nova instabilidade, intensificando a chuva com volumes significativos mais abrangentes em parte do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina. Toda essa condição acontece devido ao amplo bloqueio atmosférico que irá se desenvolver entre os Estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Já no final da quarta e ao longo da quinta-feira (2), uma massa de ar frio entra pelo Rio Grande do Sul e desloca lentamente a frente fria até Santa Catarina e o sul do Paraná que também podem registrar temporais.
Cenário preocupante
Coordenador do 8º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Marcelo Schneider diz que as condições meteorológicas preocupam, em especial, pelo volume da chuva.
— Existe uma margem boa de segurança, porque há um bloqueio atmosférico grande no centro do Brasil e haverá uma sucessão de frentes frias, mas essa é uma época de transição, na qual a média de chuva costuma ser mais alta. A famosa enchente de 1941 foi em abril e maio, por exemplo — observa Schneider.
A combinação de ar abafado com a passagem de uma frente fria, o que gera condições para o desenvolvimento de uma tempestade, acende o sinal vermelho, especialmente nas regiões de fronteira com o Uruguai. No entanto, a meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, afirma que não há necessidade de pânico.
— Nós já tivemos situações muito piores do que a configuração de vento deste final de semana, com a formação de ciclones bem perto do Rio Grande do Sul e quedas de pressão atmosférica muito profundas. Já tivemos situações em que a pressão ficou muito mais baixa do que vai ficar agora. É uma situação de alerta? Sim. Vai chover forte? Sim. Mas não é uma situação que já não aconteceu pior em outras vezes — avalia Josélia.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou que está monitorando a evolução desse sistema, e que as regionais já estão articulando, junto aos coordenadores dos municípios, preparações e orientações às populações para a possibilidade de temporal.
O órgão destaca que a atribuição de dar o primeiro atendimento, em caso de desastre, é do município, e que a instância estadual presta apoio de maneira suplementar. A Defesa Civil aponta, ainda, que os municípios têm seus planos de contingência, nos quais estão previstas medidas de prevenção e enfrentamento a eventos adversos.