Com a previsão da ONU de aumento da chuva em relação à média anual e a maior temperatura, em função do aquecimento global, pesquisadores alertam para a maior prevalência, no Sul do Brasil, de doenças como dengue, zika, chikungunya, malária, febre amarela e leishmaniose, que têm como vetores os mosquitos e atualmente ocorrem com mais frequência em outras partes do Brasil.
Diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Molina-Bastos pontua que o corpo humano está acostumado a uma realidade, e a mudança de qualquer variável desse sistema impacta a saúde. Ela cita que o ar mais ou menos seco pode refletir em problemas no sistema respiratório, como quadros alérgicos. Casos de desidratação em idosos podem se tornar mais comuns, já que a regulação interna do organismo é mais lenta.
— Temos a preocupação com aumento de casos de doenças tropicais, mas não temos como prever quais doenças serão as mais diagnosticadas porque isso depende de cada local. Uns podem ter mais casos de leptospirose, caso registrem um número maior de enchentes. Se for uma área de muito acúmulo de lixo, poderemos ter proliferação do Aedes aegypti, que, se contaminado, pode trazer zika, dengue, entre outros — alerta.
Cynthia aponta que a morte das florestas urbanas pode provocar a migração de animais — em busca de comida — para áreas mais próximas dos humanos, podendo ser vetor do desenvolvimento de novos vírus. Ela ressalta que, independentemente da enfermidade que estará em alta, é preciso investir em ações de combate para freá-la:
— Se tivermos uma ação efetiva no combate ao mosquito vetor, reduziremos a prevalência de dengue, por exemplo. Se contarmos com uma vacinação efetiva contra a febre amarela, não teremos surto dessa doença saindo da versão silvestre para a urbana.
A coordenadora do programa de arboviroses do Estado, Cátia Favreto, afirma que o Rio Grande do Sul promove ações educativas de cuidados a serem tomados pela população, a capacitação das equipes de vigilância e de saúde e reforço vacinal para combater a febre amarela.
— Intensificamos a vacinação em municípios que têm a circulação do vírus da febre amarela entre os primatas não-humanos. Ele não foi identificado em humanos e trabalhamos para que essa doença não se transforme em urbana. Nosso propósito é não deixar os vetores da dengue, zika e chikungunya se espalharem e não permitir a migração da febre amarela para as pessoas — pontua.