Em 2015, o Guaíba chegou a impressionantes 2m95cm de altura no Cais Mauá, em Porto Alegre. O nível normal é de 1m20cm neste ponto de medição. O coronel Evaldo Rodrigues, coordenador da Defesa Civil da Capital, afirmou, sem dar detalhes, que há "um protocolo específico em que cada órgão municipal atua na sua área de competência, em conjunto e coordenados pela Defesa Civil, para o restabelecimento da normalidade''. Além disso, sinalizou que intervenções estruturais na cidade são desenvolvidas para solucionar pontos de alagamentos.
Para tentar contornar ou conter os estragos provocados por esses fenômenos climáticos, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, chefiada pelo coronel Julio Cesar Rocha Lopes, trabalha alicerçada no monitoramento dos eventos climáticos que se aproximam do território gaúcho.
— Está alocada dentro da Defesa Civil a Sala de Situação (que pertence à Secretaria Estadual do Meio Ambiente). Com base nas previsões apontadas pelas imagens de satélites, modelos numéricos e radares, conseguimos prever o que pode vir a acontecer e avisar a população para que as pessoas sejam retiradas de casa em casos de enchentes ou ventos fortes. Trabalhamos no caminho da prevenção, da emissão de avisos para proteger as comunidades e na mitigação dos seus efeitos — diz o coronel Rocha.
No momento, o que preocupa as autoridades gaúchas é a estiagem que assola o Estado. Segundo o coronel Rocha, o fenômeno vem se tornando mais severo e atingindo localidades que não passavam por esse tipo de problema, como a Serra.
Para tentar socorrer os municípios, a Secretaria de Obras e Habitação (SOH), em parceria com as prefeituras, passou a realizar a perfuração de poços tubulares em 79 localidades. Os serviços são realizados em cidades que tiveram o decreto de emergência, devido à estiagem, reconhecido pela Defesa Civil em 2020. De acordo com a pasta, 7 mil famílias serão beneficiadas.
Alternativas buscam contornar a escassez de água
Um dos municípios beneficiados pela abertura de poços artesianos é General Câmara, na Região Carbonífera. Conforme João Carlos Fornari, diretor da Coordenadoria Municipal de Serviços de Água (Codesa), as áreas, como o subdistrito de Jovita, enfrentam a estiagem há dois anos, prejudicando cerca de cem famílias. O poço tubular construído para abastecer a população tinha graves problemas estruturais. Isso acarretou falta de água e ainda prejudicou a potabilidade desse recurso natural, tornando-o impróprio para consumo humano.
— Finalizamos a perfuração do poço. Ele tem 160 metros de profundidade e vazão de 10 mil litros por hora. Agora, estamos no aguardo da análise da qualidade da água, feita pelo governo estadual, para que a gente possa finalizar a obra — diz Fornari.
Em Tapes, na Região Sul, a escassez de precipitação nos meses de janeiro minguava parte da soja justamente no momento em que os grãos estavam no seu período de floração — que requer hidratação abundante. Para tentar driblar essa condição adversa, a Eckert Agronegócios, que existe há 32 anos, criou uma alternativa: logo após a colheita da soja, eles colocam uma planta de cobertura sobre o solo para protegê-lo do calor.
— Ela tem o papel de proteger a superfície e melhorar as condições do solo, beneficiando a produtividade das culturas. Neste caso, ela nos ajuda a reter na terra a chuva dos outros meses do ano. Quando chega o período da estiagem, o solo ainda está úmido o suficiente para a floração do grão. Com a técnica, conseguimos alcançar a produção de 22 quilos de soja por milímetro de chuva, enquanto os demais produtores ficam na casa dos três quilos por milímetro de chuva — revela Fábio Eckert, líder da empresa.