A freeway registrou movimento recorde na primeira semana de 2024. Assim como outras rodovias gaúchas que levam às praias, houve congestionamento. Na via federal, existe a possibilidade de liberação do uso do acostamento para destravar o fluxo. A decisão sobre a utilização ou não deste recurso é tomada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em conjunto com a CCR ViaSul.
— Veículos de pequeno porte, como carros e motos podem utilizar acostamento, se for previsto. A partir daí, a CCR faz uma varredura em todo trecho. Se não houver veículos estragados ou tráfego de pedestres, carroças ou ciclista nestes pontos, são ativadas as luzes piscantes que autorizam circulação motora por ali. Infelizmente, em caso contrário, o acostamento não é liberado — explica Laudson Viegas, do Núcleo de Comunicação da PRF, ressaltando que transitar nesta faixa sem liberação acarreta multa de R$ 880,41.
Apesar de ser um fator que colabora para reduzir pontos de lentidão, liberar o tráfego pelo acostamento é considerado pela PRF uma operação complexa, que exige o respeito a um protocolo para garantir a segurança das pessoas.
— Temos um grupo que trabalha com orientações e informações sobre como agir no trânsito, incluindo o uso do acostamento, um tema sempre muito questionado. Mas é bom lembrar que as placas na freeway são bem explicativas e intuitivas. Se as luzes piscantes estão desligadas, não precisa ter dúvida se pode utilizar ou não — explica o policial rodoviário.
O engenheiro João Fortini Albano, experiente em projetos de rodovias e segurança viária, não é favorável à liberação recorrente do acostamento para aliviar o fluxo.
— Somente em último caso, como já ocorre. Há muitos problemas na mecânica de automóveis ou problemas de saúde de algum ocupante que obrigam o estacionamento no acostamento. Sentido único na freeway, muito menos. Se alguém precisar dos bombeiros ou ambulâncias no sentido contrário? — questiona.
Professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Mobilidade e observador certificado do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), Carlos José Antônio Kümmel Félix também destaca que o uso de acostamentos ou faixas de vias de sentido contrário como resposta ao excesso de fluxo depende de estudos aprofundados, modelagem e simulação de possibilidades e, se aplicado, como na freeway, exige rigoroso controle, com efetiva coordenação e sinalização, de forma a manter a segurança viária.