As polêmicas envolvendo o empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e a Justiça brasileira vêm beneficiando uma outra rede social que tem funcionalidades similares às do microblog. Com os rumores de uma possível saída do X do Brasil, mais de 100 mil brasileiros criaram novos perfis nos últimos dias na rede social Bluesky. A informação foi confirmada ao Canaltech.
O imbróglio teve início no sábado passado (6), após o STF exigir a suspensão de contas no X. Em resposta a uma publicação de Moraes, Musk sugeriu que os bloqueios de perfis de investigados por atos antidemocráticos eram "censura" e sugeriu que não mais cumpriria determinações judiciais do gênero, pois "princípios são mais importantes do que o lucro".
No dia seguinte, o bilionário afirmou que mostraria como as solicitações "violam a legislação brasileira". Também no domingo, o dono do X passou a compartilhar com seus seguidores na rede social sugestões para o uso de VPNs, um método de conexão com a internet que pode burlar o bloqueio de contas restritas por ordem da Justiça.
Após comentários afirmando que o ministro deveria "renunciar ou sofrer um impeachment" e pedir um "debate aberto" sobre o assunto, em sua última publicação na noite da segunda-feira, Musk se referiu a Moraes como "ditador do Brasil" e afirmou que o juiz do Supremo possui o presidente "Lula na coleira". As declarações renderam reações de políticos e foi aberto um procedimento pela Polícia Federal.
Bluesky dá boas-vindas a brasileiros
A rede social Bluesky foi criada pelo co-fundador do X (antigo Twitter), Jack Dorsey, antes da compra da plataforma por Musk. Disponível para Android no Google Play e para iOS na Applestore, a rede social já tem mais de 5 milhões de usuários pelo mundo todo.
Com o aumento da presença de usuários brasileiros nos últimos dias, o perfil oficial da empresa no X fez dois posts nas cores verde e amarelo. No domingo (7), a Bluesky postou que mais de 40 mil brasileiros já haviam aderido à plataforma.
Na quarta-feira (10), em um outro post com as cores da bandeira do Brasil, a empresa enalteceu que "os brasileiros sempre foram uma parte central da comunidade Bluesky desde o início". A publicação também frisa que "não é necessário código de convite", requisito necessário para acesso da plataforma até o ano passado.
A Bluesky nasceu como um projeto alternativo no Twitter em 2019. Até o início de 2022, havia obtido US$ 13 milhões em financiamento e desenvolvimento por parte da companhia-mãe. Com a aquisição do Twitter por Musk, a Bluesky se tornou uma alternativa para quem queria manter o ecossistema de microblogs sem precisar pagar por engajamento.
Troca de farpas
Em março, o perfil oficial da Bluesky e do bilionário Elon Musk trocaram farpas no X. Em uma publicação no X, Musk escreveu "qualquer organização que coloque 'Confiança' em seu nome não pode ser confiável, pois isso é obviamente um eufemismo para censura", se referindo a uma notícia com o anúncio de contratação de um novo líder de "confiança e segurança" pela Bluesky.
Em resposta, o perfil oficial da rede respondeu que "bilionários como Elon Musk são ameaçados pela Bluesky." Também acrescentou que a empresa está "construindo uma rede social aberta que permite que você escolha seu próprio feed, lhe dá o direito de sair e dá às comunidades as ferramentas para se autogovernarem".