Em uma série de mensagens postadas em sua própria rede social X (ex-Twitter), o bilionário empresário Elon Musk questionou neste sábado (6) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre uma suposta imposição de "censura" no Brasil e disse ter derrubado quaisquer restrições impostas por decisões judiciais a contas registradas na plataforma.
Em um dos posts, Musk reconhece que a decisão de ignorar as determinações legais, que incluem o bloqueio de perfis associados a atos antidemocráticos, deverá criar problemas para o X no Brasil. Ainda assim, disse que manterá essa decisão sob qualquer custo.
— Estamos suspendendo todas as restrições. Esse juiz (Moraes) aplicou grandes multas, ameaçou prender nossos colaboradores e cortou acesso ao X no Brasil. Como resultado, provavelmente perderemos toda a receita no Brasil e teremos de fechar nosso escritório lá. Mas princípios importam mais do que lucro — escreveu o empresário (leia post original logo abaixo).
Figuras como o empresário Luciano Hang, o ex-deputado Roberto Jefferson, o blogueiro Allan dos Santos e o influenciador Bruno Monteiro Aiub, o Monark, já sofreram bloqueios em razão de posicionamentos vinculados a discurso de ódio, fake news ou ofensas contra autoridades brasileiras, por exemplo.
Mais cedo, Elon Musk havia aproveitado uma postagem de Alexandre de Moraes feita em janeiro (a mais recente), em que felicita Ricardo Lewandowski pela posse como novo ministro da Justiça, para enviar uma mensagem provocativa diretamente ao ministro do STF. O dono do X e da SpaceX escreveu "porque você está exigindo tanta censura no Brasil?".
Musk também afirmou que "essa censura agressiva parece violar a lei e a vontade do povo brasileiro", em resposta a um post do jornalista e escritor americano Michael Shellenberger. Na quarta-feira (3), Shellenberger fez um post nessa mesma rede social com críticas à atuação de Moraes e do judiciário como um todo sob a denominação "Twitter Files - Brazil", ou Arquivos do Twitter — Brasil, termo utilizado nos últimos meses para congregar supostas evidências de medidas autoritárias adotadas pela Justiça.
Isso incluiria, segundo o jornalista, "exigir ilegalmente" do X que repassasse informações pessoais de usuários que utilizaram determinadas hashtags, acesso a dados internos da empresa e tentar "censurar" posts. Para o jornalista americano, Moraes e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também estariam tentando manipular as regras de moderação do X para prejudicar apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em resposta ao questionamento de Elon Musk a Moraes sobre uma suposta censura, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) apresentou o caso do ex-deputado Daniel Silveira, que foi condenado em abril de 2022 a oito anos e nove meses de prisão por ataques ao Estado Democrático de Direito. Em sua manifestação, Eduardo Bolsonaro informa que está preparando um requerimento para discutir os temas levantados pelo "Twitter Files" no Comitê de Relações Exteriores da Câmara com a presença de um representante do X.
Em mais uma interação com Michael Shellenberger, Musk respondeu "sim" quando o jornalista publicou a mensagem "O Brasil está à beira de uma ditadura totalitária". Após pagar US$ 44 bilhões, o bilionário assumiu o antigo Twitter dizendo que pretendia garantir "liberdade de expressão" absoluta e fazendo críticas a um certo "viés de esquerda" que seria manifestado pela plataforma. Para cumprir suas promessas, afrouxou políticas de moderação de conteúdo que procuravam bloquear manifestações racistas ou sexistas, por exemplo, e realizou demissões em massa.
Nos últimos anos, a rede social foi alvo de decisões judiciais emitidas pelo STF e pela Justiça Eleitoral envolvendo casos como as tentativas de desacreditar as urnas eletrônicas ou as tratativas para deflagrar um golpe de Estado no país. Por conta disso, foram determinadas medidas como solicitações de dados de envolvidos e bloqueios de contas. Ações que, a partir de agora, Elon Musk garante que não irá mais atender. Até o final da noite, Alexandre de Moraes não havia se manifestado sobre o episódio.