Uma semana após o início do apagão que durou mais de 24 horas, professores e pesquisadores do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) seguem contabilizando as perdas de cada setor. O problema de falta de energia, ocorrido entre os dias 12 e 13 de fevereiro, afetou equipamentos, insumos e pesquisas com plantas e animais. Por isso, a estimativa dos profissionais ouvidos pela reportagem é de que o prejuízo esteja na casa dos milhões de reais.
Na segunda-feira passada, a interrupção do fornecimento na linha de transmissão que atende o campus foi identificada pela CEEE Equatorial por volta das 14h30min. O motivo do problema foi a ruptura de dois cabos subterrâneos, ocorrida durante obra de escavação da empresa CPFL Energia. Um novo ponto de suprimento de luz foi viabilizado pela CEEE durante a madrugada e o restabelecimento total da energia ocorreu às 19h de terça-feira.
Diretora da Faculdade de Educação e membro do Conselho Universitário (Consun) da UFRGS, Liliane Giordani afirma que a contabilidade ainda não foi finalizada porque leva muito tempo para levantar as perdas de todos os setores. O Campus do Vale possui cerca de 20 unidades acadêmicas com atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de áreas como o Hospital Veterinário.
— Seguimos contabilizando. Mas precisamos que religuem a subestação avariada, pois há equipamentos ainda desligados por serem muito caros e há receio de avaria por oscilação na energia — destaca Paulo Vitor Dutra, vice-diretor da Faculdade de Agronomia, que está instalada no Campus do Vale.
A reportagem de GZH entrou em contato com a CPFL Energia nesta segunda-feira (19), questionando sobre a previsão para o término do trabalho de reparação dos cabos rompidos, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.
Esclarecimentos à comunidade
O Fórum de Diretores da UFRGS emitiu uma nota nesta segunda-feira (19), com o objetivo de esclarecer à comunidade os acontecimentos decorrentes do apagão. O documento aponta dimensão do Campus do Vale e reforça que os prejuízos foram os mais diversos. Entre as perdas que podem ser contabilizadas, o texto cita insumos e reagentes químicos que necessitavam de armazenamento sob refrigeração ou congelamento e avarias em equipamentos.
“Outros prejuízos são imensuráveis, como a perda total de pesquisas desenvolvidas há longo tempo por docentes, discentes de mestrado, doutorado e técnicos. Os impactos dessa falta de energia não ficarão restritos apenas à comunidade interna da UFRGS, uma vez que muitas das pesquisas desenvolvidas pelas unidades têm retorno imediato à sociedade”, destaca a nota.
O texto acrescenta que, durante o período em que o campus esteve sem energia, as direções trabalharam em conjunto, “com ações rápidas que pudessem minimizar as perdas, principalmente daquelas unidades em que os geradores também tiveram problemas e não funcionaram”. Também afirma que a energia foi restabelecida e os geradores consertados ou encaminhados para conserto e abastecimento. No entanto, demonstra preocupação com o ponto de fornecimento de luz atual:
“No momento, estamos operando com a subestação antiga e que, tecnicamente, não sustenta todas as atividades realizadas no Campus do Vale. Esperamos que a linha que alimenta a subestação 69 kV seja consertada com urgência para que possamos continuar a desenvolver, sempre de forma excelente, nossas atividades acadêmicas de ensino, de pesquisa e de extensão”.
Na quinta-feira (15), em nota, a CEEE Equatorial garantiu que “a rede que hoje atende a UFRGS tem capacidade plena de atendimento das necessidades da universidade”. Conforme a empresa, o alimentador do Campus do Vale tem 480 amperes de capacidade de atendimento, sendo que a carga máxima usada costumeiramente pela universidade é de 250 amperes. “Ou seja, seria possível atender quase o dobro da necessidade da instituição”, destacou o texto.