O fóssil de um tatu gigante pré-histórico é o mais recente e precioso objeto de estudo de um grupo de paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O material foi encontrado no mês passado por um produtor rural de Alegrete, às margens do Rio Ibicuí. Agora o fóssil está no Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa), em São João do Polêsine, na Quarta Colônia.
De acordo com o paleontólogo da UFSM Flávio Pretto, há cerca de um mês o agricultor Átila Dornelles e a esposa dele localizaram o fóssil enquanto passeavam de barco pelas águas do Ibicuí. Ao se deparar com o material, a família - que já tinha conhecimento do serviço do Cappa - entrou em contato com os pesquisadores. Na sequência, os estudiosos foram até Alegrete fazer a coleta do material.
Segundo Pretto, a parte do fóssil, que é uma carapaça, tem mais de um metro de diâmetro - o que corresponde a cerca de um terço ou metade do total do tatu. A carapaça do animal, ainda segundo os especialistas, poderia ter até quase dois metros de diâmetro. Pretto explica que, preliminarmente, chama atenção o bom estado de conservação do fóssil:
— Fósseis de gliptodontes não são raros e até se encontram com certa frequência. O que é raro, neste caso, é encontrar o material bem conservado e articulado. A carapaça de um gliptodonte é composta por vários “ossinhos” que se encaixam como um quebra-cabeça. Normalmente, a gente encontra esses ossos todos espalhados, isolados. E, agora, encontramos a carapaça toda articulada e completa. Com isso, no futuro, vamos conseguir ter uma ideia mais precisa do tamanho (do fóssil). Além disso, essa descoberta aponta para um registro completo e, até então, quase inédito para o nosso Estado —, destacou o pesquisador.
Ainda não foi possível determinar a espécie, já que existiam diferentes tipos de tatus gigantes no Pleistoceno, período em que esses animais viveram.
Características
Eles chegavam a pesar 1,5 tonelada e podiam medir mais de um metro de altura e de dois a três metros de comprimento. Agora, o primeiro passo é fazer o tombamento histórico do material, para que a UFSM atue como depositária do fóssil:
— Depois de tombado, esse material será restaurado. Há uma limpeza muito minuciosa a ser feita e vamos reparar partes que foram danificadas. Depois de todo esse trabalho de preparação do material, vamos estudá-lo. Na sequência, poderemos identificar mais especificamente que animal é esse e tentar extrair o máximo de informações que pudermos —, projetou Flávio Pretto.
A região central do Estado, por conta da formação geológica que possui, tem um dos mais antigos registros de dinossauros e também de mamíferos precursores que surgiram no planeta.