A comunidade Osho Rachana está sendo acusada de praticar diversos tipos de discriminação internamente. O líder da seita, Adir Aliatti, 69 anos, está sendo investigado por tortura psicológica, curandeirismo, estelionato e outros crimes financeiros.
Conforme uma ex-moradora do local de 30 anos, que não quis se identificar, práticas discriminatórias eram comuns no sítio onde o grupo reside, em Viamão. Alguns deles teriam acontecido durante a pandemia de Covid-19.
— Presenciei vários casos de "cura gay" — relatou. — O papo era: a gente está trancado num sítio, a gente não vai sair logo, então "não faz sentido tu ficar com mulher, não tem porquê tu ficar com outra mulher e tu tem que ficar com um homem".
O guru também incentivava práticas de "sexo livre entre os membros" como forma de meditação.
Outras práticas relatadas pela ex-integrante envolvem violência física, psicológica e patrimonial. Ela se recorda da ocasião em que uma mulher teria sido agredida com uma cinta por Aliatti, sob pretexto de tratar uma violência que ela supostamente sofreu na infância.
— Ele pressionou até ela trazer uma memória, que inclusive, ela me contou depois que era mentira, que ela só falou para ele parar e deixar ela ali, parar de incomodar, parar de humilhar— explicou.
Em função das investigações, o guru está proibido de ir até o sítio onde a comunidade vive. Mais de 20 pessoas já foram ouvidas pela Polícia Civil para a investigação. Na quarta-feira (11), mandatos de busca e apreensão foram cumpridos no local.
Nota da defesa de Aliatti
"A defesa técnica de Adir Aliatti, realizada pelo advogado Rodrigo Oliveira de Camargo, ressalta que os fatos expostos na mídia estão distorcidos. Os denunciantes optaram por livre e espontânea vontade viver em sistema de subsistência, assim como ajudaram a gerenciar os valores arrecadados com os diferentes empreendimentos do grupo.
O resultado de todos esses investimentos feitos pelos seus membros eram revertidos em favor da comunidade. Os empréstimos bancários que favoreceram o Namastê foram feitos em nome de Aliatti e com aval dos moradores. As alegações de coação jamais ocorreram.
O advogado garante que o seu cliente sempre se manteve ao dispor das autoridades, além de assegurar que a maioria dos relatos são fictícios e/ou adulterados com o objetivo de atacar Adir. Para a defesa, cabe relembrar que a maioria dos denunciantes detinha cargos de coordenação na Comunidade, aplicavam as terapias, assim como convidavam novas pessoas para participar da comunidade.
Por fim, a defesa afirma que a perseguição midiática tem por objetivo criar uma atmosfera de vulnerabilidade para eximir os denunciantes das devidas responsabilidades e escolhas."