Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta terça-feira (26), o governador em exercício, Gabriel Souza, prometeu iniciar a transferência de líderes de facções da Penitenciária de Canoas (Pecan) para a Penitenciária de Segurança Máxima de Charqueadas (Pasc) ainda em dezembro. Segundo ele, isso será feito de forma escalonada e deve ser finalizado ainda no primeiro semestre de 2025 com a inauguração da nova Cadeia Pública de Porto Alegre.
— Nós vamos começar a transferir para a Pasc já no mês que vem, quando for finalmente inaugurado esse módulo de segurança máxima (bloqueadores de celular, telamento adequado) para criminosos de alta periculosidade. Nós estamos falando de alguns dias para providenciar essa medida.
Segundo ele, ainda estão sendo realizados testes nos bloqueadores de celulares.
— Nós temos que ter plena certeza que eles, de fato, operarão eficientemente. Além disso, precisaremos de uma autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para que esse bloqueador de celular tenha estabilidade no seu funcionamento e tenha regularidade.
Gabriel reforçou que é um compromisso do governo do Estado a retirada de criminosos de alta periculosidade da Pecan.
— Nosso compromisso é no decorrer do ano que vem (2025) não termos absolutamente nenhum tipo de preso de alta periculosidade na Pecan.
A investigação
Na segunda-feira, cinco servidores da Pecan 3 foram afastados das atividades. A decisão se deu após a morte do líder de uma facção dentro da unidade.
O governador em exercício reforçou que o afastamento dos servidores tem como objetivo fazer com que os investigadores tenham plena liberdade de fazer uma profunda e rigorosa investigação do ponto de vista administrativo como também do ponto de vista da do inquérito policial instaurado já pela Polícia Civil.
— Estamos seguros que faremos uma investigação rápida, porém rigorosa, profunda e eh muito eficiente no sentido de apontar o que que aconteceu exatamente. Nós queremos rápidas respostas e respostas firmes para que a gente tenha tranquilidade de saber o que aconteceu para imediatamente avançar nas correções que precisamos eventualmente fazer para que algo desta natureza nunca mais se repita — frisou.
Entenda o caso
Jackson Peixoto Rodrigues, 41 anos, o Nego Jackson, foi executado a tiros dentro da unidade prisional no último sábado (23).
Os disparos teriam sido feitos por meio da portinhola de uma cela durante a triagem dos detentos. A polícia ainda busca detalhar exatamente como se deu essa dinâmica.
Dois suspeitos do crime foram presos em flagrante pela execução. A polícia não divulgou os nomes dos investigados, mas Zero Hora apurou que se tratam de Rafael Telles da Silva, o Sapo, uma das lideranças de uma facção rival à de Nego Jackson, e Luis Felipe de Jesus Brum.
Os presos, ainda que integrassem facções rivais, estavam em celas próximas, na área de triagem da penitenciária.
Na segunda-feira, cinco servidores da Penitenciária Estadual de Canoas 3 (Pecan) foram afastados das atividades.
Foram afastados:
dois servidores que estavam naquele turno
o chefe de segurança do complexo prisional
o responsável pela segurança da galeria
o diretor responsável pela Pecan 2, 3 e 4 (a Pecan 1 é chefiada por outra pessoa)
Um dos servidores afastados nesta segunda-feira, de acordo com o governador em exercício, foi identificado como a pessoa que recebeu uma carta escrita a mão por Nego Jackson e repassada a seu advogado. Ele teria alertado sobre um plano para matá-lo dentro da Pecan.
Reforço na segurança
Souza afirmou que se reuniu com a cúpula da segurança ainda no domingo para estabelecer as primeiras medidas. Entre elas, foi determinado o reforço de 500 policiais militares do Batalhão de Choque e do Bope no policiamento nas ruas da Capital e da Região Metropolitana, com apoio ainda do Batalhão de Aviação da BM.
O intuito da medida é tentar impedir que a morte da liderança gere algum reflexo nas ruas, com retaliações entre as facções envolvidas.