A Justiça decidiu, nesta sexta-feira (6), indeferir o pedido da Polícia Civil para prorrogação da prisão temporária de Carla Carolina Abreu Souza, 29 anos, suspeita de ter assassinado a filha, Kerollyn Souza Ferreira, nove anos, no dia 9 de agosto, em Guaíba, na Região Metropolitana.
Ela foi presa no dia seguinte ao crime, mas será solta após o encerramento do prazo da prisão temporária, no domingo (8).
A decisão é da Juíza de Direito Andreia Machado, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Guaíba, que entendeu não ser mais essencial para a investigação do caso a manutenção da prisão de Carla.
A juíza diz em sua manifestação que "a prorrogação da prisão temporária somente ocorrerá em caso de extrema e comprovada necessidade, dependendo de indicação das diligências investigativas supervenientes que se mostrem necessárias”.
Em ofício encaminhado em caráter de urgência pela Polícia Civil à justiça nesta sexta-feira, a delegada Karoline Callegari, que investiga o caso, fez o pedido de prorrogação das investigações e da prisão temporária, sob o argumento de que duas perícias são aguardadas.
Entre elas, uma que fornece impressões digitais na parte externa de uma bota de tamanho 34, encontrada ao lado do corpo da criança, dentro do contêiner de lixo. A outra é sobre a estimativa do horário do óbito.
Mesmo solta, Carla Carolina terá de cumprir medidas cautelares. Uma delas é a proibição do contato com outros filhos até que a situação das crianças seja regularizada. Também não poderá ausentar-se da Comarca de Guaíba sem autorização judicial e deve comparecer mensalmente ao tribunal.
O caso corre em segredo de Justiça. A reportagem de Zero Hora tenta contato com os defensores de Carla Carolina, mas ainda não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestações.
O caso
O corpo de Kerollyn Souza Ferreira, nove anos, foi localizado na manhã de 9 de agosto, dentro de um contêiner de lixo, em Guaíba. Após a morte da menina ser descoberta, uma série de relatos de negligência e maus-tratos que seriam praticados pela mãe chegou ao conhecimento da polícia. Vizinhos alegam que a criança era agredida, passava fome e costumava perambular sozinha na rua, inclusive à noite. Os moradores também alegam que o Conselho Tutelar foi acionado inúmeras vezes sobre o caso.
Em razão disso, a Polícia Civil de Guaíba chegou a pedir a prisão preventiva da mãe pelo crime de tortura. No entanto, o Ministério Público entendeu que havia elementos suficientes para pedir a prisão temporária da mulher por suspeita de homicídio.
As circunstâncias da morte da criança, no entanto, ainda precisam ser esclarecidas. O Conselho Tutelar de Guaíba afirma que sempre conferiu as denúncias envolvendo Kerollyn e a família, mas que nunca recebeu relatos de maus-tratos.