A defesa do humorista Dilson Alves, conhecido como Nego Di, afirma que o comprovante falso de doação de R$ 1 milhão para uma campanha durante a enchente no Rio Grande do Sul era simbólico. Após a denúncia do Ministério Público por estelionato, lavagem de dinheiro e uso de documento falso — este pela apresentação do comprovante — as advogadas Camila Kersch e Tatiana Borsa deram entrevista pela primeira vez sobre o assunto.
— Existe esse comprovante de R$ 1 milhão, ele foi feito para servir como um comprovante simbólico da doação. O Dilson, de fato, existiu a doação de R$ 434 mil comprovado, no dia posterior, feita uma troca de cachê dele de publicidade por um empresário que contratou ele — afirmou Kersch.
A defesa ainda apontou que existem conversas de Nego Di com o empresário comprovando que o valor seria compensado com publicidades.
— Foi combinado com o Badin (um dos organizadores da vaquinha) "vou fazer parcelado", porque o Dilson tinha outros contratos e aí "eu vou fazer". Isso é público, o Dilson foi a campo, entrou na água, ajudou muitas pessoas. Nesse meio tempo doou ração, R$ 40 mil, como ele iria doar os outros? Por mês, conforme os contratos — explicou Borsa, ao dizer que o restante não foi pago por causa da prisão de Nego Di.
Sobre a denúncia por lavagem de dinheiro e estelionato envolvendo rifas virtuais, a defesa afirma que ainda não teve acesso ao processo, por isso não pode se manifestar de forma detalhada.
Um dos fatos citados pelo Ministério Público é a rifa de um veículo Porsche Macan e R$ 150 mil em dinheiro. Antes do sorteio, Nego Di teria transferido o veículo para terceiros e, segundo a acusação, adquiriu o próprio número que seria sorteado e publicou um vídeo anunciando um vencedor fictício para a rifa, o que configurou o estelionato. A denúncia aponta que ele e a companheira movimentaram R$ 2,5 milhões com ações do tipo.
— O patrimônio do Dilson eram dois veículos que foram apreendidos, e ele já tinha há muito tempo um apartamento financiado, o imóvel que ele morava era alugado. O patrimônio dele é totalmente condizente com a renda. Um só dos contratos de publicidade que ele tinha desde janeiro de 2024 é suficiente para ele ter adquirido os bens — disse a advogada Camila Kersch.
Processo por loja virtual
As advogadas ainda se manifestaram sobre outro processo pelo qual Nego Di responde e está preso, envolvendo uma investigação aberta há dois anos, sobre a loja online, Tá di Zuera. Clientes do e-commerce relatam que produtos adquiridos nunca foram entregues.
Neste caso, a defesa afirma que o humorista não era sócio da loja, como indica a investigação, apenas possuía contratos de publicidade e foi vítima de um golpe que teria sido dado pelo sócio, Anderson Boneti, que também está preso. Questionadas sobre ressarcimentos, as advogadas dizem que vítimas estavam sendo pagas até o bloqueio das contas de Dilson.