A Polícia Civil executa, na manhã desta quarta-feira (27), a 2ª etapa da Operação Conexão, que investiga suspeitas de irregularidades em contrato entre a prefeitura de Alvorada e a empresa Smart Tecnologia em Comunicações. A Justiça autorizou a realização de perícia nas dependências da prefeitura com foco no setor de informática. A ação é feita por peritos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e a 2ª Delegacia de Combate à Corrupção (2ª Decor).
O contrato investigado previa a implementação de fibra óptica e de sistema de videomonitoramento pela empresa Smart. As suspeitas são de que a contratação foi direcionada e que, além disso, a Smart teria compartilhado o serviço com outra empresa, o que permitiria que a rede da prefeitura fosse explorada de forma privada, com venda de provedor de internet a terceiros, por exemplo. O negócio, que tinha valor inicial de R$ 23 milhões, recebeu aditamentos e chegou a R$ 396,5 milhões, ou seja, uma elevação de 1.700%.
O delegado Augusto Zenon, que conduz a investigação, fez uma série de questionamentos ao IGP. O objetivo é verificar, entre outros itens técnicos, se os equipamentos instalados condizem com o que foi exigido no edital, se têm a configuração correta, se o fluxo de dados abrange as necessidades da prefeitura ou há indicativo de desvio para privados, se tem indícios do uso do cabeamento para serviços privados, se a quantidade de pontos instalados é adequada à necessidade da prefeitura e se há uso do sistema de forma crescente em horário fora do período de expediente.
A 1ª fase da Operação Conexão ocorreu em 14 de março, quando dois servidores da prefeitura foram presos: o então coordenador de Tecnologia da Informação do Executivo, Fernando Maciel, e o então secretário de Administração, Luiz Carlos Telles Lopes. Os dois já foram soltos, mas segue valendo a ordem judicial de afastamento das funções públicas.
Conforme informações de um empresário que se disse prejudicado na licitação, havia especificações excessivas no edital para fazer um suposto direcionamento e que a Smart, apesar de declarada vencedora, não atendia a todos os requisitos. Ele não teve sucesso nos recursos.
Depois disso, ainda conforme denúncia que ele levou a autoridades, o dono da Smart, Ricardo Giovanella Neto, teria feito oferta de os dois dividirem os serviços em outra cidade, numa espécie de "ganha-ganha", ou seja, nenhum sairia perdendo. O denunciante gravou essa reunião e passou o teor a autoridades.