Os quatro policiais militares envolvidos na prisão de um motoboy negro no sábado (17), em Porto Alegre, serão ouvidos na sindicância aberta pela Brigada Militar nesta quinta-feira (22). O procedimento interno apura se houve excesso e racismo por parte dos agentes durante a ocorrência. Os depoimentos devem começar às 14h no 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM) da Capital, onde eles atuam.
Os PMs a serem ouvidos atuam como soldados. O grupo é composto por duas mulheres e dois homens. Deles, uma mulher e um homem foram afastados temporariamente do trabalho nas ruas. A Brigada Militar justificou a medida pelo "estresse" causado aos agentes e por "precaução". Eles atuam no setor administrativo da corporação até o fim das investigações internas.
Os quatro brigadianos estão entre os que atenderam a ocorrência em que o motoboy Everton Henrique Goandete da Silva, 40 anos, que foi ferido com golpe de canivete, foi preso e colocado em um camburão, supostamente por desacato à autoridade policial.
O homem que o havia agredido, Sérgio Camargo Kupstaitis, branco, de 71 anos, só foi detido depois, e colocado no banco traseiro de outra viatura. Antes disso, Kupstaitis pôde subir até o apartamento onde mora, colocar uma camisa e se desfazer do canivete.
Além do procedimento da BM, a Polícia Civil também investiga o caso. No inquérito, os PMs já foram ouvidos e negaram que a prisão tenha sido motivada por racismo.
Entenda o caso
A investigação foi aberta após a divulgação de fotos e vídeos que mostram o motoboy negro sendo algemado e conduzido pela Brigada Militar após ter sido ferido pelo homem branco, no sábado (17), no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. Testemunhas criticaram o tratamento diferenciado dispensado aos dois envolvidos, com o motoboy sendo contido como criminoso, enquanto os brigadianos teriam demonstrado deferência em relação ao homem que o agrediu.