Sete presos apontados como responsáveis pelo comando ou execução de homicídios na Grande Porto Alegre foram transferidos dentro do sistema prisional gaúcho na manhã desta sexta-feira (7). Conforme a Polícia Civil, o objetivo é combater os assassinatos vinculados ao crime organizado, isolando os indivíduos para evitar que ordenem novos ataques e assassinatos vinculados ao crime organizado.
A Operação Exilium, coordenada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado, foi iniciada na madrugada nesta sexta e finalizada por volta das 11h30min.
As sete lideranças, consideradas de alto risco, foram retiradas de diferentes casas prisionais do Estado, em ao menos três municípios diferentes, e levadas para o Complexo Prisional de Canoas (Pecan). O local foi escolhido por ter bloqueador de sinal de celular, o que deve manter os presos isolados, segundo a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
— Em Canoas, temos uma unidade mais nova, em que há um melhor controle do preso, e é a única onde temos bloqueador (de sinal) de celular, o que vai impedir, de forma mais eficiente, a comunicação desses presos com o ambiente externo, impossibilitando que continuem a cometer crimes — explica o superintendente da Susepe, Mateus Schwartz.
Os presos foram conduzidos em diferentes comboios e chegaram a Canoas pouco depois das 11h. A ação contou com forte esquema de segurança e apoio aéreo.
Os sete alvos fazem parte de diferentes facções criminosas, sendo a maior parte deles integrante ou dissidente do grupo com berço no bairro Bom Jesus, na zona leste da Capital. Há um preso que é apontado como membro do grupo criminoso nascido no Vale do Sinos.
Essas duas facções possuem atualmente ramificações por todo o Estado, e são apontadas como responsáveis por mortes na Grande Porto Alegre nos últimos meses.
Movimentação dentro do Estado
Diferentemente de outras operações realizadas nos últimos anos, como a Pulso Firme e a Império da Lei, na qual os presos foram encaminhados para o sistema prisional federal, fora do Rio Grande do Sul, neste caso, as transferências ocorrem para penitenciárias gaúchas. Ainda assim, a remoção dos apenados pretende dificultar os contatos com membros do grupo criminoso e evitar que continuem comandando novos crimes.
Chefe da Polícia Civil, o delegado Fernando Sodré destaca a queda de homicídios no Estado e explica que a ação desta sexta-feira é mais uma medida para o combate a grupos criminosos. O policial cita a baixa nos registros em novembro deste ano, que teve 123 mortes no Estado, 32 casos a menos do que no mesmo período de 2022, o que representa redução de 20,6%. Em Porto Alegre, onde historicamente ocorre o maior número de homicídios, foram registrados 17 assassinatos no mês passado, contra 37 no mesmo período de 2022, diminuição de 54%.
— Apesar destes casos, vemos que os homicídio estão em tendência de queda. As polícias têm mostrado resultados com suas ações, e essa é mais uma estratégia contra o crime organizado. No caso dos presos transferidos, vemos que eles têm resistido, continuam insistindo na prática desses crimes. Nós entendemos que os grupos que seguirem assim irão sofrer medidas, como essa troca de unidades prisionais — diz Sodré.
O pedido de transferência foi feito à Justiça pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Conforme levantamento realizado neste ano pelo departamento, 80% das execuções na Capital acontecem nesse contexto do crime organizado, seja por desavenças, dívidas ou disputas do tráfico.
Assim, a maior parte dos assassinatos tem como pano de fundo o crime organizado.
— Como vemos essa queda de homicídios na Capital e no Estado, optamos pela transferência de presos entre casas prisionais do Estado. Se verificarmos alguma mudança no cenário, uma elevação, podemos optar por levá-los para fora do RS, em prisões federais. Essa ação de hoje ocorre após meses de análises, por parte das inteligências das polícias, e do acompanhamento de cada caso de homicídio. A mensagem que estamos passando é que, cada vez que um grupo criminoso optar por ordenar um homicídio, terá um prejuízo intensificado — pontua o delegado Mário Souza, que comanda o DHPP no Estado.
A Operação Exilium foi realizada de forma conjunta entre a Polícia Civil, por meio do DHPP, a Polícia Penal e a Brigada Militar.