O Grupo Hospitalar Conceição informou que os 10 médicos investigados pela Polícia Federal (PF) por suspeita de fraudar o ponto foram afastados do trabalho na manhã desta quinta-feira (30). A decisão é da diretoria do grupo. A medida deve valer pelo prazo que durar a sindicância aberta pelo hospital, que é de 60 dias.
Os investigados são concursados e têm salários entre R$ 14 mil e R$ 31 mil. Eles ficarão afastados do trabalho, mas seguem recebendo salário.
Durante seis meses, equipes da PF monitoraram a rotina de médicos suspeitos das fraudes. Foram feitos flagrantes em vídeo deles entrando no hospital para marcar o ponto e saindo logo depois para atividades pessoais — como ir à academia — ou para atendimentos em outros locais. Em um dos casos, o médico chegou a trocar de roupa e colocar máscara para disfarçar a saída. Outros entravam por um portão e saíam por outro.
Os nomes dos investigados não foram revelados pela PF e nem pelo Grupo Hospitalar Conceição, mas GZH apurou que são Airton Golbert (endocrinologia e metabologia), Egídio Picetti (oftalmologia), Fernando Starosta de Waldemar (clínica médica), Joel Alex Longui (cirurgião vascular), Marcelo Blochtein Golbert (oftalmologia), Marcus Vinicius Silveira Osório (medicina de família e comunidade, gastroenterologia, clínica médica e endoscopia), Rafael de Nogueira Ribeiro (cirurgia cardiovascular), Ruy Takashi Koshimizu (cirurgia geral), Simone Thais Terracciano (oncologia clínica) e Vinicius Silva Lima (cirurgia geral e cirurgia plástica).
Com a Operação Hipócrates, deflagrada na terça-feira (28), a PF focou em coletar documentos como registros de ponto e agendas de atendimentos dos suspeitos em outros locais.
A próxima etapa da investigação será cruzar essas informações para aprofundar detalhes da rotina dos investigados.
Esses novos elementos, segundo o delegado que conduz a investigação, Eduardo Dalmolin Bollis, devem servir para corroborar o que já foi apurado com as vigilâncias. O trabalho começou a partir de uma denúncia anônima que revelou detalhes concretos da fraude que estaria ocorrendo e indicou os nomes de seis médicos.
Depois, surgiram mais dois nomes e, por fim, durante as campanas, os federais acabaram descobrindo mais dois casos. A observação dos suspeitos era feita por nove policiais, sendo que se dividiam para seguir o médico no trânsito, conferir a presença dele em outros locais de atendimento e monitorar a entrada e saída no Conceição.
Contraponto
A reportagem deixou recado para os médicos Airton Golbert, Egídio Picetti, Marcelo Blochtein Golbert e Vinicius Silva Lima, mas ainda não obteve retorno.
A GZH, a secretária do médico Ruy Takashi Koshimizu informou que, no momento, ele não deseja se manifestar. Com os demais, não conseguimos contato até a publicação desta reportagem, mas o espaço segue aberto para manifestações.