Ao tomar conhecimento da investigação da Polícia Federal (PF) sobre 10 médicos suspeitos de fraudar o ponto no Hospital Conceição, em Porto Alegre, o Conselho Regional de Medicina (Cremers) abriu uma sindicância. Se forem constatadas irregularidades, são aplicadas medidas que vão desde censura à cassação do exercício profissional.
— Quem erra precisa pagar. Os bons não podem pagar pelos maus. Só não podemos punir antes da comprovação dos ilícitos e do devido processo legal. Todos devem ter os seus direitos assegurados, seguindo os princípios da presunção da inocência e do direito ao devido processo legal. Comprovadas as fraudes, todos temos o interesse na punição dos responsáveis pelos eventuais ilícitos éticos — disse a GZH o presidente da entidade, Eduardo Neubarth Trindade.
São investigados pela PF por suspeita de baterem o ponto e saírem para atividades pessoais (como se exercitar em academia) ou para atender em hospitais, clínicas ou consultórios particulares um cirurgião cardiovascular, dois oftalmologistas, um oncologista, um clínico geral, um endocrinologista, um cirurgião plástico, um gastroenterologista, um cirurgião vascular e um coloproctologista. Os nomes dos investigados não foram revelados pela PF.
Conforme Trindade, a apuração foi aberta de ofício, assim que a investigação se tornou pública com a deflagração da Operação Hipócrates, na terça-feira (28). Se ficarem comprovadas irregularidades na conduta dos médicos, as medidas que podem ser aplicadas são: advertência confidencial em aviso reservado, censura confidencial em aviso reservado, censura pública em publicação oficial, suspensão do exercício profissional até 30 dias e cassação do exercício profissional.
Durante seis meses, equipes da PF monitoraram a rotina de médicos suspeitos das fraudes. Foram feitos flagrantes deles entrando no Hospital Conceição para marcar o ponto e saindo logo depois para atividades ou atendimentos em outros locais. Em um casos, o médico chegou a trocar de roupas e usar máscara para disfarçar. Outros, entravam por um portão e saíam por outro.
Com a operação, a PF focou em coletar documentos como registros de ponto e agendas de atendimentos. A próxima etapa da investigação será cruzar essas informações para aprofundar detalhes da rotina dos investigados.