A 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, deve concluir nas próximas semanas e remeter ao Poder Judiciário os primeiros inquéritos relacionados ao médico João Batista do Couto Neto, investigado pelas mortes de 42 pacientes e por lesões corporais em outros 114.
De acordo com o delegado Tarcísio Lobato Kalbach, em alguns casos, estão pendentes diligências complementares, a oitiva do investigado, a análise de documentação e a elaboração de relatório final.
Até o momento, já foram ouvidas mais de 130 pessoas, incluindo vítimas e familiares, testemunhas, profissionais da saúde, gestores de instituições e planos de saúde, entre outras. Além da documentação relacionada ao tratamento realizado por João Batista do Couto Neto, os investigadores já tiveram acesso a aproximadamente 120 prontuários médicos.
Os casos envolvem vítimas residentes em vários municípios do Rio Grande do Sul e começaram a chegar ao conhecimento da Polícia Civil em novembro do ano passado. O Instituto Geral de Perícias já forneceu laudos técnicos referentes a 22 inquéritos.
Autorizado a exercer a profissão
A decisão da Justiça de Novo Hamburgo que proibia João Batista do Couto Neto de exercer a profissão expirou no sábado (21). Com isso, ele está novamente autorizado a realizar intervenções cirúrgicas e invasivas.
O delegado responsável pelas investigações não informou se irá entrar com novo pedido de restrição. Conforme o Tribunal de Justiça, "não existe nova prorrogação da ordem judicial, até o momento".
Em nota, o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) informou que o médico "está com registro regular junto à autarquia, podendo exercer atividade médica sem impedimentos".
Quanto às denúncias recebidas pelo Cremers, a instituição destaca que "estão sendo investigadas e, de acordo com o Código de Processo Ético Profissional (Resolução CFM 2306/2022), os procedimentos correm em sigilo. O Cremers também acompanha o caso junto à Justiça do RS".
Contraponto
Procurado por GZH, o advogado Brunno de Lia Pires, que representa o suspeito, respondeu que "embora o médico não tenha intenção de, por ora, realizar cirurgias, não há necessidade de nova imposição de restrição a sua atividade. A investigação já perdura há quase um ano e não foi concluída, de modo que não deve ser imposta pena antecipada ao médico".