O homem apontado como um dos mandantes do ataque ao promotor de Teutônia, José Izidoro Kovalski, 38 anos, é antigo conhecido de autoridades da região do Vale do Taquari. O homem, que teria ordenado o atentado contra Jair João Franz de dentro da cadeia, tem em sua ficha três processos que somam ao menos 22 anos de condenação. Conhecido como "Dedé", cumpre pena atualmente na Penitenciária Estadual de Arroio dos Ratos.
Segundo a Polícia Civil, Kovalski integra a facção que tem berço no bairro Bom Jesus, na zona leste de Porto Alegre, e atua no Estado. Ele seria um dos líderes desse grupo na região do Vale do Taquari. Ainda conforme a PC, mais pessoas da família de Kovalski já atuavam junto ao grupo criminoso antes dele.
No total, o homem, que nasceu em Seberi, na região Noroeste, já cumpriu cerca de 17 anos e 7 meses de prisão, e ainda faltariam pouco mais de quatro anos para receber liberdade. No total, a condenação soma 22 anos, 2 meses e 24 dias. Esse período corresponde a três penas que ele recebeu, ainda antes do caso do ataque ao promotor.
As condenações são por dois casos de roubo e extorsão e um por tentativa de homicídio qualificado.
No caso mais grave, ocorrido em agosto de 2006, Kovalski teria participado de outra tentativa de homicídio, qualificado por motivo fútil, em Teutônia. Segundo o processo, ele efetuou disparos contra um homem com quem tinha desavenças. A investigação indicou que Kovalski aguardou a vítima em um local que sabia que ela passaria, escondido entre arbustos situados às margens da RS-128. Ao perceber a aproximação do veículo do desafeto, um Fusca, passou a efetuar os disparos.
Assim como no caso do promotor, a maioria dos tiros atingiu o veículo da vítima e apenas um feriu o desafeto, no braço esquerdo, que sobreviveu. Pelo caso, Kovalski acabou condenado a 8 anos de reclusão em regime semiaberto.
Dois roubos
Outro caso é de um roubo ocorrido em 5 de novembro de 2009, em Lajeado, em que Kovalski e demais comparsas abordaram o motorista de um caminhão estacionado, que fazia a entrega de mercadorias junto a uma empresa. Outro homem que recebia os produtos também estava no local, e os dois foram rendidos. Foram roubados celulares, materiais hospitalares e gráficos, relógios e documentos. Conforme o processo, a ação ocorreu "mediante violência e grave ameaça exercida com emprego de pistolas e revólveres". os homens teriam ainda trocado tiros com PMs que foram ao local e atenderam a ocorrência.
"As circunstâncias demonstram que o crime foi cometido mediante emprego de diversas armas de fogo, com as quais foram efetuados diversos disparos na direção dos policiais militares."
A terceira condenação é de outro caso de roubo e extorsão, em ação realizada em maio de 2016 em Teutônia.
Relembre o caso
O promotor Jair João Franz, que atua em Teutônia, foi baleado quando chegava em casa em 17 de agosto. A investigação do caso, tratado como tentativa de homicídio, indicou que o ataque foi arquitetado por ao menos quatro pessoas, e teria como motivação a conduta profissional do integrante do Ministério Público (MP).
Foram disparados 15 tiros em direção a Franz, sendo que 11 atingiram o carro, de acordo com a perícia feita no local do crime. Um dos tiros atravessou o braço e se alojou no abdômen do promotor, que passa bem. No MP desde 2002, ele atua há mais de 10 anos em Teutônia, município com pouco mais de 32 mil habitantes. Titular da 1ª Promotoria de Justiça, não tem atuação especializada em determinada área, atendendo em diferentes tipos de casos.
Os mandantes do ataque seriam a advogada Daiana Silva Toledo, que foi presa no dia 24, e um de seus clientes, José Izidoro Kovalski, que estaria se sentindo perseguido por Franz, segundo a polícia. O homem teria dado a ordem de dentro da cadeia. A investigação encontrou conversas entre a advogada e o detento em que estariam tramando a morte de Franz.
Outro homem, Éder de Souza Lucas, que teria atuado como executor da ação, também foi detido no dia 24. Eliandro Maria Vodey da Silva, 40 anos, foi preso na noite de segunda-feira (28), em Venâncio Aires, em ação da Brigada Militar que não tinha relação com o episódio envolvendo o promotor. Ele foi detido por estar foragido após romper a tornozeleira eletrônica. Apesar de não estar preso pelo ataque ao promotor, Silva é suspeito de participar da tentativa de execução.
Contraponto
GZH tentou contato com o advogado Rodrigo Torres, que respondeu por meio de nota. Confira a íntegra do comunicado:
"A presente defesa técnica neste momento processual inicial apenas salienta que em relação ao fato de acusação tentativa de homicídio contra promotor eventuais condenações anteriores do investigado José Isidoro Kovalski em nada comprovam qualquer ligação com o crime em questão sendo que sua inocência será devidamente demonstrada através de provas sob o crivo do contraditório e ampla defesa em juízo, direitos estes assegurados pela Constituição Federal. Qualquer juízo antecipatório quanto a autoria delitiva neste momento significará violação direta a direito básico de qualquer investigado como e o caso, devendo- se proporcionar seu direito pleno a defesa para somente depois emitir-se qualquer juízo de mérito sobre os fatos pelos quais está sendo investigado e suspeito."