A investigação sobre suposto direcionamento de licitação na Companhia Riograndense de Mineração (CRM) mostrou que os três caminhões comprados em julho de 2022 já estavam sem uso em novembro em função de defeitos. Os veículos foram adquiridos por R$ 2,1 milhões de uma empresa que teria sido beneficiada no negócio.
Na manhã desta quarta-feira (16), a Polícia Civil fez buscas na casa do presidente da companhia, o engenheiro Melvis Barrios Junior, e na sede da CRM, em Porto Alegre. Um dos alvos dos mandados de busca e apreensão foi preso em flagrante por ter em casa armas e barras de ouro. Se pagar fiança, será liberado.
Em novembro, depois de receber denúncias anônimas sobre má gestão de dinheiro público pela companhia, uma auditoria especial da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage) verificou a situação dos caminhões comprados pela CRM.
A apuração interna, que detectou anormalidades no processo de compra e defeitos nos veículos, foi enviada para a 1ª Delegacia de Combate à Corrupção do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
— A investigação começou com a Cage, um órgão de fiscalização do Estado, e foi enviada para a polícia, que faz parte desta engrenagem de combate à corrupção. Temos ótima parceria com os órgãos de fiscalização, inclusive, convênio com a Cage para facilitar essa troca de informações. Esse tipo de fraude, de direcionamento a partir de contatos prévios, é muito comum — destacou a delegada Vanessa Pitrez, diretora do Deic.
A polícia aprofundou o que havia sido indicado pela auditoria e, na operação Off Road, deflagrada esta semana, coletou documentos, telefones celulares e notebooks para análise. Na última terça-feira, mandados de busca e apreensão foram realizados na CRM em Candiota, nas casas de servidores e de dois empresários investigados.
Quanto aos defeitos nos caminhões, a auditoria da Cage apontou que no mesmo mês em que foram entregues à companhia - julho do ano passado - os veículos já apresentaram defeitos e necessidade de manutenção. Em novembro, estavam sem uso, segundo a Cage. A CRM se manifestou por meio de uma nota (leia a íntegra abaixo) assinada pelo presidente da empresa.
Nota de Esclarecimento
"Em relação à operação da Polícia Civil, sobre suposto direcionamento de licitação, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) informa que o processo licitatório para aquisição de veículos foi realizado de forma transparente, seguindo todos os ritos previstos, dentro da legalidade e com a aprovação do Conselho de Administração, Diretoria Executiva e Departamento Jurídico.
Os equipamentos adquiridos foram contemplados via edital, que atendeu ao requisito de menor valor para a escolha da empresa. Ainda assim, a partir do conhecimento das suspeitas levantadas, a Companhia está aberta para colaborar com as investigações da Polícia Civil, de forma a confirmar ou não eventual ocorrência de irregularidade para adotar as medidas cabíveis."
Eng. Civil, Melvis Barrios Junior
Diretor Presidente da CRM
Confira a nota enviada pelo governo do Estado
"A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), a partir de novos elementos surgidos na investigação da Polícia Civil, baseada nos fatos narrados em relatório de auditoria do controle interno da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage) em relação à Companhia Riograndense de Mineração (CRM), irá apurar os fatos para avaliar as medidas cabíveis e necessárias ao tema."