A Polícia Civil realiza na manhã desta quarta-feira (16) a 2ª etapa da Operação Off Road, que apura suspeita de direcionamento em licitação na Companhia Riograndense de Mineração (CRM). A reportagem de GZH apurou que o presidente da companhia, o engenheiro Melvis Barrios Junior, é um dos alvos da ofensiva. Agentes cumprem mandados de busca e apreensão na casa dele.
Ordens judiciais também são cumpridas na sede da CRM, em Porto Alegre, e em endereços de outros suspeitos. Além do presidente, cinco investigados são servidores da empresa pública e outros dois são empresários, segundo apuração da reportagem.
Um dos alvos da investigação foi preso em casa com armas de fogo e barras de ouro. Ainda nesta quarta ele pagou fiança e foi liberado. Ele será ouvido na tarde de quinta-feira.
A investigação é conduzida pela 1ª Delegacia de Combate à Corrupção, mas a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage) também apurou suspeitas de má gestão de recursos públicos em uma auditoria especial.
A licitação sob investigação foi realizada em 2022 para a compra de três caminhões, no valor de R$ 2,1 milhões. Conforme o delegado Max Otto Ritter, que coordena a investigação, o negócio teria sido desencadeado a partir de oferta de uma empresa interessada e não por iniciativa da CRM.
A empresa teria enviado e-mail para um diretor da CRM oferecendo a venda de seis caminhões. Esse servidor teria achado a oferta interessante e passado o assunto ao presidente.
Depois disso, dois servidores viajaram a Minas Gerais para inspecionar os caminhões oferecidos pela empresa investigada. Em um relatório, teriam registrado que dos seis caminhões ofertados apenas três tinham horas de uso abaixo de 20 mil.
— Quando o edital para o pregão eletrônico foi elaborado, as especificações técnicas citavam a aquisição de três caminhões com menos de 20 mil horas de uso e também destacando a marca e o modelo de interesse da CRM. O conjunto de exigências fez com que os caminhões ofertados pela empresa se enquadrassem no interesse da CRM — explicou o delegado.
A licitação foi aberta, e apesar de a CRM ter enviado e-mail a 52 fornecedores credenciados junto à companhia, apenas a empresa investigada mostrou desejo de fazer parte do negócio, que acabou fechado em julho do ano passado.
Na terça-feira (15), quando policiais cumpriram a 1ª etapa da operação, em Candiota, GZH conversou com o presidente da companhia, que disse:
— É uma suspeita infundada (a de licitação direcionada). Foi um processo licitatório transparente, aprovado pelo Conselho de Administração, Diretoria Executiva e Jurídico. Os caminhões foram comprados abaixo do preço de mercado. Há cerca de dois meses, respondemos questionamentos do Ministério Público, enviamos documentos. Estou aberto a questionamentos, faço questão de depor para esclarecer. Não teve direcionamento. Fizemos uma única exigência no edital, de que os caminhões tivessem, no máximo, 20 mil horas de uso. Só isso. É uma exigência que protege a companhia.
Contraponto
GZH tenta contato com a defesa do engenheiro Melvis Barrios Junior.
A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), a partir de novos elementos surgidos na investigação da Polícia Civil, baseada nos fatos narrados em relatório de auditoria do controle interno da Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage) em relação à Companhia Riograndense de Mineração (CRM), irá apurar os fatos para avaliar as medidas cabíveis e necessárias ao tema.