Uma operação realizada por policiais civis e militares do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, na manhã desta sexta-feira (7), desarticulou uma quadrilha especializada em roubar veículos de luxo em Porto Alegre. Até as 9h, 14 suspeitos haviam sido detidos. Cerca de 200 policiais civis e militares dos dois Estados participam da ofensiva. Os agentes cumprem 15 mandados de prisão e outros 18 de busca na Capital. Um helicóptero foi utilizado no bairro Rubem Berta, na Zona Norte, onde um suspeito foi preso. A ofensiva ocorre também em Canoas, Alvorada, São Leopoldo, Gravataí, Cachoeirinha e Eldorado do Sul, além de ações no Estado vizinho.
São 15 que estão sendo procurados nesta manhã, mas o número de investigados chega a 30. De acordo com a investigação, alguns suspeitos estão envolvidos pela clonagem, transporte e revenda dos automóveis. Desde março, a quadrilha roubou pelo menos 10 veículos, mas o número pode ser bem maior se os investigadores contabilizarem outros meses.
No inquérito instaurado na Delegacia de Repressão ao Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) consta que o prejuízo causado chegue a R$ 10 milhões em razão da suspeita de outros assaltos que estão sendo apurados. Por exemplo, um dos carros roubados nos últimos quatro meses custava em torno de R$ 700 mil. Todos eram clonados e enviados para Santa Catarina.
Os delegados Newton Martins Filho e João Vitor Herédia, responsáveis pela operação em conjunto com o Comando de Policiamento da Capital e Metropolitano da Brigada Militar, informam que os ladrões agiam principalmente nos bairros Rio Branco, Mont Serrat, Bela Vista, Moinhos de Vento, entre outros da região, todos na Zona Norte. A forma de agir praticamente era a mesma em todos os casos apurados pelos delegados.
De acordo com a investigação, pelo menos dois homens, um deles armado, usavam um carro — guiado por um terceiro criminoso — para bloquear a passagem do veículo a ser roubado no momento em que ele parasse ou estacionasse em uma via pública. O ataque geralmente ocorria em ruas com pouco movimento, com o veículo trafegando, geralmente em baixa velocidade, pela via.
Investigação
Os delegados Martins Filho e Herédia destacam que a investigação começou com o roubo de uma BMW na Rua Barão de Ubá, no dia 4 de março deste ano.
— No momento dos fatos, homens armados abordaram o veículo trafegando em via pública e anunciaram o assalto, em plena luz do dia, obrigando a vítima a entregar o veículo a um dos criminosos — diz Martins Filho.
O veículo acabou sendo recuperado dois dias depois pela Brigada Militar, já com as placas adulteradas. O veículo estava em Canoas. Dois suspeitos foram presos. Houve troca de informações entre as polícias e um inquérito foi instaurado no Deic. Com a identificação de todos os envolvidos, as polícias desencadearam nesta sexta a chamada “Operação Leão” no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Um dos roubos mais recentes ocorreu no dia 27 de junho. Na ocasião, ladrões armados roubaram uma Mercedes em uma das ruas do bairro Rio Branco, na Capital. Mas o delegado Herédia conta que, como a quadrilha já estava sendo monitorada, foi possível identificar rapidamente os autores do crime.
— E nós conseguimos também identificar onde estava a Mercedes roubada, cerca de uma hora após o assalto. O veículo foi recuperado pela nossa equipe, em Porto Alegre mesmo. Já um dos autores do crime, um homem de 23 anos e natural de Santa Catarina, ao tentar praticar novo roubo, já no dia seguinte, acabou baleado pela vítima e morreu no local, na zona norte de Porto Alegre — ressalta Herédia.
Clonagem e Receptação
De acordo com a apuração do Deic, todos os 10 carros que os delegados conseguiram confirmar que foram roubados por este grupo tiveram as placas clonadas e foram revendidos. Todos por preços bem abaixo do mercado para receptadores em Santa Catarina.
Inclusive, esta será a segunda etapa do inquérito: verificar quem comprou os carros de luxo e os valores empregados. Além disso, a polícia já apurou que uma fábrica clandestina de placas veiculares, que fica na Região Metropolitana, era usada pela quadrilha.
Martins Filho e Herédia destacam que, desde o início das investigações, há quatro meses, grande parte dos veículos foi recuperada pela Brigada Militar ou pela Polícia Civil logo após os fatos e os proprietários foram restituídos. Ações deste tipo tem sido um dos objetivos das duas polícias, ressalta o diretor da Divisão de Investigação Criminal do Deic, delegado Eibert Neto.
— A delegacia (Delegacia de Repressão ao Roubo de Veículos do Deic) tem se dedicado a combater roubos na zona norte da Capital, área que concentra cerca de 70% dos casos. É mais um esforço constante para combater este delito na região, mas sem descuidar da atuação e controle nas outras áreas da cidade. A ação desta sexta, que é mais um trabalho conjunto com a Brigada Militar, combate também a clonagem e a receptação de veículos de luxo que envolve envio dos carros para Santa Catarina — ressalta Neto.
Denúncias e informações sobre ações de quadrilhas que roubam carros podem ser encaminhadas de forma anônima ao Deic através do disque-denúncia 0800 510 2828.